sábado, 20 de março de 2010
DEUS OU NATUREZA
Sou filho da natureza
Eterna sabedoria
Esta fonte de energia
Deste céu e redondeza
Este espaço de largueza
De onde alguém partir
Por mais que possa seguir
Sempre fica no meio
Por mais que faça rodeio
Não pode dele sair.
É um mistério profundo
Esta lei da criação
Tudo em movimentação
Os astros e nosso mundo
Diz a história segundo
Que a suprema divindade
Com seu poder e vontade
Fez esta imensa grandeza
Que chamamos natureza
Deus ou eternidade.
Que existe Deus é verdade
Eu vejo no pensamento
Neste vasto firmamento
Em sua profundidade
Na lei da eternidade
Que encerra tudo assim
Bom médio e ruim
Dando a tudo condição
Na obra da criação
Cada coisa para um fim.
Deus é este poder
Que o universo domina
E cada astro combina
No espaço a se mover
Sua órbita percorrer
Em grande velocidade
Forma a lei da gravidade
De mudança e rotação
Tudo em certa direção
Obedecendo a vontade
Deste poder eterno
Onisciente e criador
Que deu o perfume à flor
E fez o amor materno
O coração meigo e terno
De uma esposa fiel
O homem de bom papel
Honesto e de confiança
O riso de uma criança
Que tem doçura de mel.
Uma célula se movendo
Já lutando pela vida
Com óvulo sendo unida
O útero lhe acolhendo
Aonde fica vivendo
Se alimenta sem comer
Sentindo gosto e prazer
E calmamente descansa
E uma linda criança
Com nove meses nascer.
O uirapuru que canta
Com uma fascinação
Chamando tudo atenção
Macaco veado anta
Sua harmonia é tanta
Que domina a passarada
Fica em derredor calada
Ouvindo a linda seresta
Do músico da floresta
Como uma coisa encantada.
Uma abelha tão pequena
Sem livro sem instrução
Sem ter uso de razão
Voa no campo serena
E sem precisar de pena
Do homem foi professora
Do mel sendo autora
Mostrou mais inteligência
De onde vem a ciência
E da mente criadora
A água criadora
Sem um segundo parar
Se balançando no mar
E pelo aquecimento
Sobe para o firmamento
Até certa região
Por meio da condensação
Em chuva se transformando
Ao oceano voltando
Fazendo a circulação.
Este mistério da morte
Que não respeita ninguém
Leva sem olhar a quem
Que seja fraco ou forte
E não depende de sorte
Sua justiça é legal
Seguindo a lei natural
Cumprindo com seu dever
E não existe poder
Para dela ser rival.
Mas de cem mil anos luz
Pra via-láctea atravessar
E quando ela passar
Outra galáxia reluz
Nos confins dos céus azuis
Milhões de estrelas brilhando
O espaço assim mostrando
O cosmos em sua grandeza
E o poder da natureza
Os homens desafiando
Tudo isto é Deus
Aos homens se manifestando
O crédulo está notando
Todos os prodígios seus
Só os bobos dos ateus
Em sua louca presunção
Desobedecem à razão
Descrendo nesta verdade
Dos feitos da divindade
Na obra da criação.
MIGUEL ALVES DE LIMA (Miguel Delfonso das Panelas).
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