quarta-feira, 5 de maio de 2010
Qué tarco, qué arco ou qué qui mui?
Seu Hubert Bloc Boris, meu pai, aclimatou-se nas brenhas da Serra Verde e a essa terra se entregou de corpo e alma e, debaixo de pau e pedra, estava ele nas estradas, na lida, a cavalo ou de jipe.
A Serra Verde nessa época tinha umas 1000 famílias e, mesmo com a ajuda de fiscais, o trabalho era incansável.
Além de outros produtos, havia não me lembro em que época do ano, a colheita do fumo classificado pela qualidade das folhas e depois preparado em rolos. Eu, muitas vezes fui com papai, fazenda adentro, e passava com ele o dia na casa de algum morador para acompanhar e fiscalizar o processo. Eu ia observando aquele movimento e a técnica de enrolar o fumo... O cheiro forte. O sol agindo. E ouvia de meu pai as recomendações para se conseguir uma boa qualidade do produto final. Ouvia igualmente os carões se o serviço fosse mal feito.
O dia se passava assim. Apesar do objetivo de papai ser o trabalho eu, de minha parte olhava além. Ia pra debaixo dos pés de cajarana, arrodeava as goiabeiras, observava as bananeiras e, sobretudo, observava aqueles jardins floridos plantados em latas de querosene o que retratava o cuidadoso zelo da dona de casa. Eu gostava especialmente do cheiro do bugari que rescendia nos finais de tarde.
Tenho certeza de que foram essas incursões pela fazenda que me fizeram amar aquela terra. Terra que me fazia sonhar com reinos que não existiam a não ser dentro de mim. Foi dessas observações que nasceu em mim a poesia, pois eu já nesse tempo, via tudo com uma cor mais forte do que a realidade mostrava.
Na boca da noite meu pai e eu pegávamos o jipe e a gente voltava pra casa meio estropiados. Mas a sensação era de paz. Mais um dia, mais uma etapa cumprida.
A essa hora os grilos já estavam de canto solto azucrinando a noite. Papai ainda passava no escritório para verificar o caixa e também para jogar um dedo de prosa com os compadres ou mesmo jogar 21 rifando bode.
Foi numa dessas que João Luiz “barbeiro” apareceu pelo escritório. Gostava de tomar uma caninha “torada” e também de contar vantagem . Nesse dia, meio “chumbado” foi logo contando “farol” pra papai, Geraldo (motorista) e Maria Alzira (secretária). Mamãe estava por perto e foi quem me contou a marmota.
Disse que conhecia a”Zalagoa”, a Paraíba, de cabo a rabo, Rio Grande do Norte e por aí vai. Disse também ter ido várias vezes a Exu e Serra Talhada. Nesse momento, papai se lembrou de um amigo de quem tinha comprado um carro nessa cidade e perguntou a João Luiz:
- O compadre João conheceu Apolônio?
- Oxente cumpadi, morei lá muitos anos!!
E você: Qué tarco, qué arco ou qué qui mui??
Claude Bloc
kkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirMuito boa!!!!!