segunda-feira, 6 de setembro de 2010

"AQUI TÁ ESCURO..."


Dizem que o sol brilha lá fora, que a lua ilumina tudo, que a lamparina está com a chama acesa, que acenderam a luz da varanda, mas aqui está escuro demais.
Queria ler novamente o poema, mas aqui está escuro demais. Foi o poema que me jogou aqui, que me trancou aqui, que me esqueceu aqui, tenho certeza. Se ao menos houvesse outro poema, dessa vez um poema de luz, talvez eu encontrasse o caminho de volta, mas aqui está escuro demais.

Se na vida a sorte é morte
depois de tanto caminhar
na insaciável sede e na dor
querer voltar para casa
e encontrar na porta o amor
e os olhos se abrirem ao pavor
de encontrar abandonada a casa
feito um coração ferido
e querer voltar ainda sangrando
pelas brumas do mesmo caminho
que já vinha andando
mas de repente ouvir lá ao fundo
após a varanda destruída
uma voz na sua voz
num grito aflito na vida
me chamando para entrar
para que novamente vivamos
os destroços que construímos
quando nos amamos
e que ruíram como cai a vida
quando se retorna e se deseja amar
e o amor é casa destruída
mas afastei os escombros
afastei o medo e entrei
para novamente a luz apagar
e tudo escurecer e tudo morrer
e nada mais ser em mim e você
porque está tudo escuro
porque você apagou a luz
você sempre apaga a luz
e esquece...

Quem estiver no mundo ao redor, passeando contente porque pode enxergar o caminho e caminhar; porque pode correr e saltar e os olhos brilham na luz da manhã e em qualquer clarear, não peço o sacrifício de vir até aqui e forçar a porta, procurar a chave nos escombros, mas somente que diga a ela que esqueceu a luz apagada, que venha acender a luz, pois aqui tá escuro demais!...

Rangel Alves da Costa*

Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail com
blograngel-sertão.blogspot.com

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