sábado, 25 de setembro de 2010

A Triunidade Divina - Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo



O QUE É TRIUNIDADE OU TRINDADE?

Triunidade, ou Trindade, é a subsistência de Deus em três pessoas: PAI, FILHO E ESPÍRITO SANTO. São três pessoas com funções diferentes, mas com operações unificadas. São três pessoas divinas e co-eternas, que são uma em natureza, caráter e propósito.

ENTENDENDO A PERICÓRESE TRINITARIANA:

O termo pericórese (comunhão absoluta), aparece na literatura cristã em torno do séc. XIII DC, apresentado primeiramente por João Damasceno, morto em 750 d.C., que usou este termo para descrever as duas naturezas de Jesus Cristo. Para Leonardo Boff, o termo grego possui a significação de habitar um no outro e conter um ao outro. Sendo assim uma pessoa da trindade está dentro da outra, e envolve a outra por todos os lados. É comunhão absoluta entre as três pessoas, e essa comunhão entre as três pessoas é eterna, refletindo um processo de reciprocidade ativa. A comunhão pericorética não é o resultado da existência das Pessoas da Trindade. Assim é preciso afirmar que a comunhão tem sua origem com as pessoas e é simultânea com as Pessoas trinitárias. Portanto, o Deus dos cristãos deve ser denominado de “DEUS-COMUNHÃO-DE-PESSOAS.”

Em artigo anterior entitulado Os Atributos de Deus - A Triunidade Divina, fiz a seguinte pergunta antecipando as possíveis respostas: “Você acredita na Triunidade de Deus? Você pode responder: Não! Não acredito! Ou sim, eu acredito, ou, talvez: Acredito mas não consigo entendê-la nem explicá-la.

No artigo de hoje separei os aspectos relacionados às três pessoas da triunidade divina: o Pai, o Filho e o Espírito. A palavra “triunidade” não aparece nas Escrituras, mas foi criada para expressar uma verdade encontrada em toda a Bíblia: a de que Deus subsiste eternamente em três pessoas distintas e co-iguais. Todas elas são, igual e plenamente, divinas; no entanto, existe um único Deus (Dt 6:4; Tg 2:19). Nosso objetivo, aqui, é mostrar, através da Bíblia, cada uma das pessoas da triunidade.

O PAI

Começo tratando sobre o Pai. É difícil percebermos a distinção entre as pessoas da triunidade no Antigo Testamento, que, de forma inquestionável, enfatiza um Deus único. Contudo, essa distinção existe. Encontramos algumas alusões às três pessoas que compõem a triunidade. [Ryrie (2004:59-60)]. Quando somadas à revelação posterior do Novo Testamento, essas alusões do Antigo Testamento permitem-nos entender corretamente a natureza do Deus Triúno. Isso acontece no que diz respeito à pessoa do Pai, por exemplo. Deus é chamado de Pai, em alguns textos do Antigo Testamento (cf. É assim que recompensas ao SENHOR, povo louco e ignorante? Não é ele teu pai, que te adquiriu, te fez e te estabeleceu? Dt 32:6; e em 2 Sm 7:14; Sl 68:8, 89:26; Is 63:16, 64:8; Jr 3:4, 19; Ml 1:6, 2:10).

A designação “Pai” não era muito comum para se referir a Deus, no Antigo Testamento, principalmente para não confundir o Deus de Israel com os deuses tidos como progenitores pelos pagãos [Severa (1999:92)]. No Novo Testamento, entretanto, as referências bíblicas à pessoa do Pai são numerosíssimas: mais de 200 (cf. Mt 5:16, 6:9, 26:53; At 1:4; Rm 1:7; Gl 1:3; Ef 6:23, etc.). Quando somamos os textos do Antigo Testamento à revelação do Novo Testamento, descobrimos que o Pai é uma das pessoas da triunidade. Todos esses textos bíblicos revelam-nos informações preciosas e importantes sobre a pessoa do Pai de nosso Senhor Jesus Cristo (1 Pe 1:3). Veremos algumas delas.

A Bíblia afirma, e, por isso, cremos que o Pai é divino, isto é, ele é Deus: Deus, o Pai, nele colocou o seu selo de aprovação (Jo 6:27 cf. 2 Co 1:2; Ef 4:6; 1 Pe 1:2 3). Se o Pai é Deus, consequentemente, é, também,eterno (Sl 90:2). Deus, o Pai, existe antes de todas as coisas. Não foi gerado e nem criado; sempre existiu e sempre existirá. O passado, o presente e o futuro são, igualmente, conhecidos por ele, que observa todos os acontecimentos como um todo interrelacionado. A Bíblia diz que ele é eternamente bendito(2 Co 11:31); nos deu uma eterna consolação (2 Ts 2:16). Também nos diz que a vida eterna que nos foi manifesta estava com o Pai (2 Jo 1:2). Ele é perfeito (Mt 5:48) e, em seu ser, não há mudança ou sombra de variação (Tg 1:17).

As Escrituras também mostram que o Pai é onisciente (1 Pe 1:2; Mt 6:4, 6, 18). Além disso, Deus Pai é mencionado como Senhor soberano de toda a criação: ... para nós há um só Deus, o Pai, de quem todas as coisas procedem e para quem vivemos (1 Co 8:6). Tudo vem dele e é para ele que vivemos. Da mesma forma, o Pai também é o sustentador do universo; está presente e ativo na sua criação. Ele criou o mundo, mas não o abandonou a sua própria sorte; antes, intervém na história do universo. É o Pai que está no céu quem faz nascer o sol sobre maus e bons e faz chover sobre justos e injustos (Mt 5:45). É ele quem alimenta as aves do céu (Mt 6:26) e sabe das nossas necessidades básicas (v. 32).

O Pai não é um mero poder ou mesmo uma influência impessoal. Pelo contrário, é um ser pessoal, que possui a capacidade de raciocinar, sentir e almejar: Preocupa-se com os desfavorecidos (Sl 68:5); perdoa pecados (Mt 6:15; Mc 11:25); tem vontade própria (Mt 7:21; 18:19; Lc 12:32; 22:42; Jo 6:40; Gl 1:4); responde orações (Lc 11:13; 12:30-32); é sobre todos, por todos e está em todos (Ef 4:6). As Sagradas Escrituras também afirmam que o Pai é o responsável pelo planejamento da obra da redenção (Ef 1:3-6). Lembramos que, em todas as obras relacionadas ao Pai, existe a co-participação do Filho e do Espírito Santo.

Em vista dessas considerações a respeito do Pai, concluímos que, já que ele é o nosso criador e sustentador, com toda certeza, precisamos depender dele, em todos os momentos da nossa vida. Nós fomos criados para a sua glória. De forma semelhante, por intermédio do plano de redenção e eleição, projetado e planejado pelo Pai, alcançamos salvação e vida eterna em Cristo Jesus. Que cada um de nós aprenda a confiar e obedecer a esse Deus que tanto nos ama, que está assentado no trono (Ap 3:21), que é e sempre será Pai de misericórdias, Deus de toda consolação (2 Co 1:3). Ao nosso Deus e Pai seja dada a glória (Fp 4:20).

O FILHO

Reconhecer a divindade de Jesus Cristo é imprescindível, no que concerne à doutrina da triunidade. Eu creio que Jesus é plenamente Deus. Na Bíblia Sagrada, há diversos textos que asseguram, de maneira explícita, a divindade de Cristo, como, por exemplo, João 1:1: No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Mais adiante, João narra a declaração de Tomé a Jesus: Senhor meu e Deus meu (Jo 20:28). O apóstolo Paulo também declara que Jesus é o grande Deus: ... aguardando a bendita esperança e manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo (Tt 2:13 cf. Rm 9:5). Pedro, de igual forma, reconheceu a divindade de Cristo: ... nosso Deus e Salvador Jesus Cristo (2 Pe 1:1).

Dessa forma, negar que Cristo é Deus é negar completamente o que diz a Bíblia Sagrada, já que vários textos bíblicos asseguram a divindade de Jesus Cristo, bem como seus atributos divinos, os mesmos do Pai e do Espírito Santo (cf. Jo 1:1, 8:58, 17:5; Fp 2:5-6; Cl 1:17; Hb 13:8; 1 Jo 1:1). Jesus não tem começo, nem término, nem sucessão de momentos em seu próprio ser. Ele é eterno. Outra prerrogativa divina também atribuída a Jesus é a autoridade para perdoar pecados (Mc 2:5-7, 10). Do mesmo modo, a Bíblia mostra que Jesus esteve presente e ativo na criação de todas as coisas (Jo 1:3). Esses são apenas alguns dos muitos atributos divinos que a Escritura aplica a Cristo.

Além da natureza divina, Jesus veio ao mundo como ser humano, com todas as limitações que o homem possui: fome, sede, frio e cansaço, por exemplo. Sobre isso, a Bíblia assegura: E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai (Jo 1:14). Em outro texto, lemos: Eu mesmo o vi com meus próprios olhos e o ouvi falar. Eu toquei nele com as minhas próprias mãos (1 Jo 1:1 – BV). Deus se fez gente para identificar-se com o ser humano. O Verbo encarnado enfrentou os mesmos dilemas que nós enfrentamos; sentiu o que sentimos: compaixão (Mt 9:36),ira (Mc 3:5), angústia (Jo 12:27), rejeição (Mt 26:69 74). Ele também derramou lágrimas (Jo 11:35); sentiu medo (Lc 22:42), cansaço (Jo 4:6), teve sede (Jo 19:28), fome (Mt 4:2). A grande diferença de Cristo com relação a nós é que, quando esteve aqui, ele não pecou. O autor de Hebreus diz que ele foi tentado em todas as coisas em semelhança de nós, mas sem pecado (Hb 4:15). Mesmo tendo passado por todo tipo de tentação, como nós também enfrentamos, Jesus não cometeu pecado algum.

Jesus Cristo era plena e verdadeiramente Deus e plena e verdadeiramente homem. Por sabermos que ele era e é Deus, podemos confiar no seu amor, na sua misericórdia e no seu cuidado. Além disso, sua fidelidade constante é uma boa razão para que nossas ansiedades e preocupações sejam colocadas diante do Filho. Já por sabermos que ele viveu como homem, podemos ter a certeza de que, aqui, ele enfrentou dificuldades e tentações, como também nós enfrentamos. Ele nos entende. Isso nos dá força para seguirmos sempre avante, em direção ao nosso alvo maior, que, nada mais é do que um dia nos encontrarmos com ele: Jesus Cristo, o autor e consumador da fé.

O ESPÍRITO SANTO

Depois de investigarmos um pouco mais a respeito do Pai e do Filho, atentaremos para o Espírito Santo. Eu creio que ele é Deus. Não podemos confundi-lo com uma energia, um poder ou uma força. Nos dias atuais, existe muita confusão em torno do Espírito Santo. Muitos o estão tratando como se ele fosse apenas um poder, que fica, constantemente, à disposição dos crentes, o que não é verdade. A Bíblia mostra que o Espírito Santo é uma pessoa divina.

O Espírito Santo é um ser pessoal – assim como o Pai e o Filho o são –, e não simplesmente uma força impessoal e ativa de Deus. Por ser uma pessoa, o Espírito Santo tem intelecto (1 Co 2:10-11), vontade (1 Co 12:11) e sentimentos (Ef 4:30). Da mesma forma, a Bíblia atribui a ele atos pessoais, como: ensinar (Lc 12:12), guiar (At 8:29), falar e escolher (At 13:2), interceder (Rm 8:26) e convencer (Jo 16:8). O próprio fato de ele ser descrito como Consolador (função que somente uma pessoa pode executar) também demonstra o caráter pessoal do Espírito Santo. Com relação a sua deidade, um dos textos mais claros a esse respeito se encontra no livro de Atos. No capítulo 5, versículo 3, na pergunta de Pedro a Ananias, ele afirma: ...por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo. E, no versículo quatro, o apóstolo completa: ... não mentiste aos homens, mas a Deus. Portanto, fica claramente evidenciada, nestes versículos, a deidade do Espírito Santo. As Escrituras tratam como próprias dele várias qualidades que só são empregadas com relação a Deus, tais como: eternidade, onipresença, onisciência, onipotência, liberdade, santidade, etc.

Ainda com relação a esse aspecto, as Escrituras apontam que o Espírito Santo participou da criação dos céus e da terra (Gn 1:2), sendo, da mesma maneira, responsável pela regeneração dos crentes (Jo 3:5-7; Tt 3:5), operando, também, na conversão das vidas a Cristo Jesus (Jo 16:7- 8). Além disso, a própria encarnação milagrosa de Jesus é atribuída, diretamente, a uma ação do Espírito Santo (Mt 1:20). Outra ação do Espírito Santo, de extrema importância para nós, é a inspiração das Escrituras, que são a revelação especial de Deus (2 Tm 3:16). Outra obra importante do Espírito Santo é a que diz respeito à formação e à expansão da igreja de Cristo.

Durante todo o decorrer do livro de Atos, nós o vemos claramente guiando e dirigindo a igreja. É ele quem dá o testemunho de Jesus e aumenta o nosso conhecimento a respeito do Salvador. As Sagradas Escrituras asseguram que o Espírito Santo guia a igreja sempre na verdade, livrando-a do erro e impulsionando o corpo de Cristo na sublime tarefa da proclamação do evangelho da salvação: ... mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra (At 1:8). Como crentes em Jesus, tenhamos a certeza de que o Espírito Santo habita em nossas vidas (1 Co 3:16). Ele é o nosso Guia e o Consolador prometido pelo Filho para estar sempre conosco, em todos os momentos. Além disso, podemos ter a certeza absoluta de que é o Espírito Santo quem nos capacita com dons e talentos para servirmos à igreja, que é o corpo de Cristo na terra. Por fim, ele nos impulsiona a testemunhar do amor do Pai, demonstrado por meio de Cristo Jesus, nosso Senhor e Salvador.

CONCLUSÃO

A Bíblia Sagrada é categórica, ao afirmar que existe somente um único Deus, e clara, ao mostrar que esse Deus, poderoso e único, subsiste eternamente, por meio de três pessoas distintas e co-iguais: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Eu creio assim! Deus é um em sua essência. Essa essência é única e indivisível; não está fragmentada. Pai, Filho e Espírito Santo possuem a totalidade da essência divina. Esse Deus ama e cuida de cada um de nós. Por isso, podemos ter a convicção de que não estamos sós e nem desamparados, porque ele sempre está conosco. Deus nos cerca por trás e por diante, sendo impossível fugir da sua presença (Sl 139:1).

Amém!


Pc Am@ral

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