sexta-feira, 15 de outubro de 2010
A Grande Diferença
Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda? (1 Co 5:6)
Havia em uma cidade duas congregações evangélicas; uma era bem pequena, com poucos membros. O templo, limitado em espaço, e bem simples em suas instalações. A outra ficava bem ao lado desta primeira, só que era gigantesca e suntuosa, com fachada de mármore e instalações confortáveis de ultima geração, ar condicionado, conforto total. Estavam instaladas na mesma rua. Um terreno vazio servia como uma espécie de fronteira e, fazia uma clara divisão.
Na igreja pequena, os membros eram pessoas simples e humildes. Criam plenamente em Deus, buscavam incansavelmente a Sua presença. Se consagravam constantemente na Palavra da Verdade, cultuavam, oravam sem cessar e proclamavam o evangelho da salvação a todos daquela localidade. A palavra que era pregada no púlpito era sempre o que o povo precisava ouvir, para que se aperfeiçoasse e crescesse na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.
Dia após dia, culto após culto, aqueles, homens e mulheres celebravam, aprendiam, intercediam e proclamavam o Deus que salvou suas vidas, pregavam o Deus que sofreu e morreu na cruz do calvário como maldito no seu e no meu lugar, apesar de ser santo e não ter nenhuma culpa ou pecado que justificassem a sua condenação e morte. Alegravam-se em sofrer por amor ao Senhor Jesus, reconhecendo a obra maravilhosa que Ele consumou. Literalmente tomavam cada um, a sua cruz.
Na igreja suntuosa e gigantesca as luzes brilhavam, o som era estridente, podiam-se ouvir os louvores cantados, pelas mais famosas bandas gospel da atualidade, a centenas de metros de distância e o brilho e o piscar das suas luzes ofuscavam tudo ao redor. Centenas de centenas de pessoas adentravam a nave do templo, com uma capacidade espantosa. Muito louvor, muita palavra profética, muitas curas inexplicáveis e sobrenaturais, muito exorcismo, muitos e muitos testemunhos de vitórias e mais vitórias de seus membros afortunados. Pregação da palavra resumida a exaltação dos crentes, de que eles são filhos de Deus, filhos do dono, são cabeça e não cauda, que Deus é o dono da prata e do ouro e que pobreza é sinônimo de pecado e falta de fidelidade com Deus. Muitas ofertas nas dezenas de gazofilácios espalhados pela igreja, fora a adesão a pacotes de TV a cabo, planos de saúde, consórcios, aposentadoria, “nações dos...” e coisas mais deste tipo, sempre visando à bênção, a troca de favores. "O crente abençoa a igreja com suas ofertas para que Deus o abençoe dez vezes mais". “Creia você é filho do Rei”, ministrava a oração para a oferta o diretor do culto.
Em uma determinada noite, ambas as igrejas estavam abertas e haviam convidado seus fiéis a adorar ao Senhor em um culto de ação de graças. Mesmo com o barulho ensurdecedor da igreja suntuosa, os membros daquela igreja pequenina cultuavam também ao Deus todo poderoso. Haviam orado no inicio, cantado alguns hinos espirituais, a palavra foi pregada, e mesmo com o alto volume da outra igreja, todos eles compreenderam a mensagem e agora seria o momento da interseção pelas vidas do bairro, pelos que estavam perdidos nas trevas e na escuridão, para que Deus, através do Seu Espírito Santo tocasse no coração dessas almas e mostrasse o caminho da salvação, a mensagem do evangelho verdadeiro de Jesus Cristo, que é poder de Deus para salvação de todo aquele que crê (Rm 1:16).
Ao encerrarem a oração, o pastor e suas ovelhas, que estavam ajoelhados e com rosto em terra, ao levantarem-se tiveram uma grande surpresa; a igreja estava cheia de gente, toda a rua estava tomada, as pessoas choravam sem parar e repetiam a pergunta que o povo fez ao apóstolo Pedro no Dia e Pentecostes:“Que faremos, irmãos?” (At 2:37b). O pastor da pequena igreja não entendia o que estava acontecendo, até que uma pessoa lhe disse:
"Estávamos adorando a Deus naquele suntuoso templo, a musica a todo volume, as luzes brilhavam mais que estrelas no céu, o ar condicionado no máximo até que houve uma sobrecarga que desligou toda a região, ficamos sem energia elétrica, acabou a luz. O templo é equipado com luzes de emergência, mas não era o bastante para enxergar as palavras na bíblia. Como o templo é muito grande e todo preparado para não reverberar ninguém conseguia escutar o pastor pregando. Não se podia tocar, pois não tinha energia para as mesas, e os amplificadores, e instrumentos musicais, e microfones sem fio. Mas o pior de tudo, o ar condicionado também parou, e o calor lá dentro estava insuportável, tivemos, todos de sair aqui para fora na total escuridão, foi quando alguém olhou para essa direção, atraído pela luz que emanava dessa pequena igreja. Não conseguíamos compreender, havia faltado luz em todos os lugares, mais aqui, uma chama brilhava suavemente. Ouvimos, então, as orações que eram feitas aqui, para que Deus abrisse os olhos daqueles que estavam sendo enganados por satanás, e pensavam que estavam na luz, mas viviam condenados em trevas eternas, e certamente pereceriam se Deus não os ajudasse. E nós ouvimos o seu choro, e quando olhamos para nós mesmos, Deus nos fez enxergar que intercediam por todos nós. Viemos atraídos pelo brilho que emanava daqui, mesmo sem energia elétrica, Deus no indicou o caminho da libertação e da salvação."
Este texto é uma fábula, e pode ser tratada até como uma ilustração, que me veio a mente enquanto meditava sobre a passagem em que Jesus diz a seus discípulos que “tomassem cuidado com o fermento dos fariseus e de Herodes” (Mc 8:15).
Sabemos que Deus é “onipresente” e está em todos os lugares ao mesmo tempo, e que Ele está, tanto na pequena congregação como na suntuosa, e menos ainda, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles. (Mt 18:20). Tanto nessa pequenina como na suntuosa se prega a Palavra de Deus, a mesma Bíblia é lida e estudada. É certo que uns pregam o que o povo precisa ouvir, para que haja mudança e edificação, e que outros infelizmente, uma, atual, grande maioria, pregam o que o povo quer ouvir. Este modelo, que o povo quer ouvir, não transforma, não edifica, não leva o homem a salvação, pois está cheio de fermento.
A igreja suntuosa da estória tinha tudo o que era de melhor, capacidade e conforto para milhares de pessoas juntas, as pessoas eram atraídas por tudo isso e no momento em que a energia elétrica paralisou toda a tecnologia eles perderam a razão de estar ali, naquele lugar, pois a motivação da grande maioria não era o Senhor da Igreja, mas o entretenimento que ela poderia proporcionar. Extinto este, se finda o propósito de cultuar.
É claro e muito improvável que existam igrejas como as descritas no texto [?]. Claro que as duas fazem parte de extremos. Dificilmente encontramos uma igreja tão completa como a pequena, sempre haverão lacunas e serem preenchidas. Mas podemos aprender que Deus não habita em templos feitos por mãos humanas (At 17:24b), muito pelo contrário, Ele habita no coração dos homens Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (1 Co 3:16). A pequena é perfeita demais e a grande tem excesso de atrativos. Mas o que quero destacar e comparar é a igreja pequena e a grande com uma “massa” de pão. Com os mesmos ingredientes, com os mesmos nutrientes necessários ao sustento do ser humano para fazê-lo crescer e se fortalecer. Qual então seria a grande diferença entre as duas “massas”, pois o resultado era bem diferente entre as duas igrejas? A diferença estava no fermento usado pela igreja grande.
O que buscamos então? Que Deus habite em nós e possamos ser sal e luz para esse mundo? Ou estamos atrás da massa levedada, cheia de fermento, bonita, adornada, cheia de atrações e delicias, e o principal, a ação do Espírito Santo, que opera a verdadeira transformação na nossa vida fica sendo deixada do lado de fora, ou, mesmo dentro, é ofuscada pelas inúmeras “atrações” apresentadas nesses modernos púlpitos?
O que você busca? Jesus Cristo? Então pense nisso, medite, e tome cuidado com o fermento dos fariseus e de Herodes.
Que Deus nos abençoe!
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PC@maral
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