domingo, 7 de novembro de 2010

A noite Cai


a tarde fatídiga se apronta para partir,
mas a rua continua clara,
parece que daqui de dentro,
de onde estou a olhar a vida passar,
não consigo ver o que se aproxima,
o que trará a noite em suas mãos sombrias
para meu desgosto se tornar maior que o dia que se vai?
nasci do desfavor de Deus e dos homens,
me encontro na prisão comum aos miseráveis
aos filhos que não conheceram seus pais,
nem mãe tive para me acalentar quando ainda criança,
perdi tudo ao nascer, nasci por acaso, sem esperança.
A noite Cai
eu estou a olhar a rua,
pessoas passam sem me notar
à janela, eu não me atrevo a chamar alguém
mas quem daria atenção a um desucupado?
quem se importaria com a mnha vida inútil?
A noite Cai,
todos passam apressados,
nem mesmo irmaos se cumprimentam,
da janela, olhando o mundo, eu só vejo cinzas
cinzas de uma humanidade desumana
mas eu sou parte dessa desumanidade
no meu mundo egoísta, não quero ser visto
escolhi viver à margem da espécie a que pertenço
A noite Cai
E eu continuo a esperar o amanhã
o dia de ontem foi muito triste, enfadonho
pensei em ir ao mar, quem sabe falar com um pescador
talvez mate minha sede de viver um dia por inteiro
talvez me embriague com a alegria dos inocentes
mas o mar fica muito longe de onde eu vivo agora
soube que talvez levo uma eternidade para lá chegar
de qualquer modo eu tenho muito medo do mar
nunca aprendi a nadar nem a andar de barco
meus braço não são braços de mar
nasci para andar no chão, preso em alguma corrente
como um cão doente e raivoso
posso morder que me me sorrir distraido.

Evan do Carmo

www.evandocarmo.com.br

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