quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
LUCAS 15 – Achados & Perdidos
. A noite ensina sabedoria... Ficando para trás, já a longa distância, das compridas passadas do meu pai, sons e vozes vindos das poucas casas com quintal, nas proximidades da linha do trem, me levaram em lembrança ao meu primeiro grande pesadelo, tido na casa da Rua Lili.
Dormíamos -- o Lando, o Zéia e eu -- meus irmãos mais velhos, no quarto dos meninos. Eu era o caçula, creio. Não me recordo do Beto ter já nascido. O Gero, certamente não. A Liete, muito menos. A Sônia, segunda mais velha, uns dez anos de idade, tinha um quarto só dela.
Não me recordo de noite anterior àquela. Talvez fosse minha primeira noite a uns quinze metros de afastamento dos meus pais dentro da casa. Eles dormiam no quarto da frente; nós, no dos fundos, junto ao quintal. Será que até a noite anterior eu dormia em berço de criança, no quarto dos meus pais?
O fato é que eu ouvia e sentia porcos fungando e roçando os estrados dos beliches no dormitório de uns 16 metros quadrados. Em breve, eles fungariam meus pés... Eu tinha certeza de que eram uns três ou quatro porcos sujos dentro daquele quarto. De repente senti um soprar frio no meu pé que estivera todo enrolado no cobertor. Dei um chute na cara ilusória de um porco e saltei da cama em disparada pelo corredor da casa em busca da proteção dos meus pais: ``o porco, o porco, o porco...'' - assim berrava o Lia. Aprendi que uma porcaria de vida tira noites de sono.
POR ELYAS MEDEIROS
http://domundointerior.blogspot.com
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