sexta-feira, 4 de março de 2011
A FÁBULA DAS TRÊS ÁRVORES
Contam que havia num bosque
Três árvores bem frondosas
Enfeitando a natureza
Viris, fortes e formosas
Oferecendo os seus galhos
Pra servirem de agasalhos
Aos pequenos passarinhos
Que ali se protegiam
Ali cantavam e faziam
Muito tranqüilos seus ninhos
Desde muito pequeninas
Naquele bosque risonho
Cada uma dessas árvores
Alimentava seu sonho
E daquilo que sonhavam
As três se alimentavam
E bem felizes viviam
Servindo e sempre sonhando
Aos seus sonhos detalhando
E todo o dia repetiam
E a primeira dizia
Olhando o céu estrelado
- Do machado nada temo
Pois serei baú pesado
A guardar grande tesouro
De gema rara e de ouro
De safira e de brilhante
E assim serei lembrada
Por todos serei falada
Desse momento em diante
Dizia a segunda alegre
Olhando o rio grande e forte:
- Que meu sonho aconteça
Mesmo que o machado corte
Pois serei grande Navio
A enfrentar mar bravio
E onde reis, generais
Lendas vivas, me usarão
E de mim se lembrarão
Sem se esquecerem jamais
A terceira olhando o vale
Falou entusiasmada:
- O que temer se meu sonho
É ser grande, admirada
Ficar tão fenomenal
Que quem me vir, afinal
Erga aos céus os olhos seus
Lembre a sua finitude
E mude sua atitude
Lembrando sempre de Deus
E todo o dia essas árvores
Seus sonhos alimentavam
Foram crescendo, crescendo
Tão altas que ao céu fitavam
Mas lenhadores bisonhos
Sem nada entender de sonhos
Usam seus rudes machados
Que perfumados ficaram
Quando as árvores arriaram
Naquele bosque adorado
A primeira é transformada
Não no baú desejado
Mas num cocho tosco e rude
Num estábulo atirado
Alimentando animais
Seu sonho ficou pra trás
E a vida nos fios seus
Segue e ela que é só tristeza
Repleta de incerteza
Pergunta: -Porque, meu Deus?
A segunda é convertida
Simples barco de pescar
Onde humilde pescadores
Adentravam pelo mar
Buscando o seu alimento
A enfrentar chuva e tormento
Toda hora, todo o dia
E ela seguia sem crer
Perguntando a sofrer:
- Por que o meu sonho morria?
E a terceira sonhando
Em crescer no seu propósito
Foi cortada em altas vigas
E atirada num depósito
E o tempo baixa a cortina
O espetáculo não termina
E a árvore é só tristeza
Sem ter seu sonho atendido
Pergunta em seu ser sentido:
- Por que, oh! Mãe Natureza?
Mas numa noite de estrelas
De um céu fenomenal
Cantavam-se melodias
De alegria sem igual
E uma mãe doce, tão linda
Que era tão jovem ainda
Depositou seu filhinho
Um bebê recém-nascido
Naquele cocho vencido
E hei-lo qual sublime ninho
Foi tão grande a alegria
Que a árvore primeira
Enfim tudo compreendeu
E rejubilou-se inteira
Pois nela fora guardado
O tesouro mais sagrado
Que o mundo conheceu
A Terra se iluminou
E um coro do céu cantou:
- É Natal. Jesus Nasceu!
Passaram-se trinta anos
E a árvore-embarcação
Recebe um belo homem
Do mais puro coração
E enquanto ele dormia
A tempestade invadia
Em destruição voraz
Foi quando ele despertou
E a tempestade acalmou
Quando ele disse: - PAZ!
E esta Segunda árvore
Viu o maior soberano
Senhor da Terra e dos céus
Da vida e dos oceanos
O maior conquistador
Dado o seu poder de amor
Pois d’Ele emanava luz
Seu ser passou a sorrir
Sempre, sempre a conduzir
O Cristo de Deus: Jesus!
E mais um pouco de tempo
Vemos a Árvore terceira
Sendo, enfim, utilizada
Na tarde de Sexta-feira
Unida em forma de cruz
Nela pregaram Jesus
Um homem tão iluminado
Tão santo que lhe doía
Mas retorna sua alegria
Vendo o sonho realizado
Três árvores, um só destino
Acreditaram em seus sonhos
Do bosque lá da montanha
Aos seus momentos tristonhos
Cada sonho aconteceu
Mais belo do que nasceu
Mais vivo e cheio de som
Provando a todos nós
Que jamais estamos sós
E tudo o que Deus faz é bom!
Merlânio Maia
http://poesianordestina.blogspot.com/
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