sábado, 30 de abril de 2011
AINDA SE VIER NOITE TRAIÇOEIRA...
Mesmo escurecida e misteriosa, a noite é tão encantadora que se torna difícil imaginar que nas suas horas o mundo, de repente, se desfaz em pranto. Muitas vezes por um gesto, um fato, um sinal do tempo e da vida.
Tudo é tão silencioso lá fora, a lua apenas ilumina, a janela está aberta e é possível ouvir os sons das folhagens dançando ao vento pelo jardim. Se não houver jardim, tudo vem na imaginação e dança o mesmo bailado, murmura a mesma felicidade, porque a noite permite esse viajar.
Hoje não quero um copo de uísque nem de vinho. Na penumbra da luz apagada e com a luz da vela iluminando somente o que quero enxergar, prefiro muito mais um cálice de saudade, uma dose de lembrança, um trago de bem-querer.
Amo esses momentos porque me permitem embriagar de tanta coisa bonita acontecida e contentar-me em pagar a conta ainda que pelos instantes de dor e sofrimento que surgem. É o amargo sabor da dose que temos de beber na sobrevivência. É sempre assim, na festa onde se finge a felicidade.
Apagar a vela e acender a luz não me faz enxergar nada a mais se meu coração de quietude começa a bater mais forte lembrando-se de tantas coisas de todas as noites de noites assim.
Primeiro ele se pergunta por que quase toda dor e sofrimento, se não surgem na noite, com certeza é nela que retomam sua experiência de reabrir feridas e fazer gritar o olhar que mira a fotografia, o sentimento que revive alguém, o corpo que reencontra sua solidão.
Prefiro sempre o silêncio das lembranças e recordações, os momentos de remexer baús e memória, do que a tristeza anunciada, a angústia visitante, o desespero repentino. Mas não tem jeito se não podemos dizer que o mundo e os outros se esqueçam da gente por um instante.
Nem esquecem nem nos deixam esquecer, pois o fatídico e doloroso sempre nos chega bem antes que a privação realmente ocorra, que a dor se expresse naquilo que a gente gosta ou ama, que a notícia nos chegue desesperada e desesperadora.
Ora, mas bastaria essa angústia rotineira, essa amargura tão conhecida e sempre presente nas noites assim tão noites. Mas não, há sempre um telefone que toca, uma campainha que alerta, um vizinho que grita, um pressentimento ruim.
Nada pior e mais angustiante do que o pressentimento que nos invade de todas as formas para nos dizer que tomemos mais um copo de água para encher a fonte perversa dos olhos. E que não adianta mudar nada, não adianta querer mudar o destino, não adianta pensar que as coisas sejam diferentes.
E nesses momentos aumenta a fé, cresce a fé em Deus, há o apego maior à força da fé e começamos a acreditar que na prece ou na oração aqueles pensamentos ruins passarão como o próprio vento. É muito difícil que nessas horas as pessoas lembrem que tudo na vida é desígnio de Deus, ainda que a dor pareça ser insuportável.
E de repente a pessoa já está chorando. Bem antes que tudo se confirme a pessoa já está chorando, pois são muitos e imensos os mistérios que nos chegam nessas noites traiçoeiras. E somente Deus para nos fortalecer para estes e os próximos embates.
E com razão diz a bela canção:
“Deus está aqui neste momento
Sua presença é real em meu viver
Entregue sua vida e seus problemas
Fale com Deus, Ele vai ajudar você.
Deus te trouxe aqui
Para aliviar o teu sofrimento
É Ele o autor da Fé
Do princípio ao fim
De todos os seus momentos.
E ainda se vier noites traiçoeiras
Se a cruz pesada for, Cristo estará contigo
O mundo pode até fazer você chorar
Mas Deus te quer sorrindo.
Seja qual for o seu problema
Fale com Deus, Ele vai ajudar você
Após a dor vem a alegria
Pois Deus é amor e não te deixará sofrer.
Deus te trouxe aqui
Para aliviar o seu sofrimento
É Ele o autor da Fé
Do princípio ao fim
De todos os seus momentos.
E ainda se vier noites traiçoeiras
Se a cruz pesada for, Cristo estará contigo
O mundo pode até fazer você chorar
Mas Deus te quer sorrindo”.
Talvez um sorriso amanhã, depois dessas dores das noites traiçoeiras.
Rangel Alves da Costa
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com
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