sábado, 23 de abril de 2011
SÁBADO DA SEMANA SANTA
Quando Madalena, acompanhada de outras mulheres, foi ao sepulcro de Cristo, na madrugada da ressurreição, encontraram-no vazio, e um anjo disse para eles: - Ele não está aqui, ressuscitou.
Pedro e João também foram ao sepulcro,à procurado corpo de Cristo. Todos estes peregrinos não acreditavam que Cristo pudesse ressuscitar, apesar das ressurreições que ele realizara, e do anúncio que tantas vezes fizera que haveria de morrer e depois ressuscitaria.
Muitos cristãos vivem a mesma incredulidade, porque procuram o Cristo em túmulos vazios. Túmulo é o lugar dos mortos, e Cristo vive não como uma idéia, como uma saudade, como uma esperança, mas como pessoa atuante.
Construímos belas e suntuosas catedrais, onde se realizam, com pompa e aparato, majestosos cerimoniais litúrgicos, onde se pronunciam sermões burilados de filigranas estilísticas, mas que são túmulos vazios, porque aquele que não tinha sequer onde repousar a sua cabeça, e que nascera numa estrebaria, dirá por seus mensageiros: - Ele não está aqui, porque não é o ambiente e o clima a que se acostumara, na sua vivência humana e terrena.
São Paulo, em uma das suas epístolas, lembra que nós somos "templos de Deus". O cristão autêntico carrega Cristo consigo, vive na intimidade de Jesus, pois são palavras suas: "se alguém me ama , o pai o amará, vivemos, e faremos moradas nele".
Mas realmente, irmãos, há muitos cristãos que também são túmulos vazios. Corações esvaziados de amor, de generosidade, de renúncia, de doação aos seus irmãos, são sepulcros vazios. Cristo é uma plenitude de vida, de bondade, de irradiação, de amor. Ele é não apenas imanente em nós, mas também transparente, clarividente. Ele se manifesta através do nosso riso, da nossa alegria, dos nossos olhos ungidos de esperança, da suavidade das nossas palavras, da sentimentalidade do nosso afeto.
Francisco de Assis, quando passava pelas estradas, pelas aldeias, pelas cidades da Umbria e do Piemonte, todos que o viam, todos que dele se aproximavam saíam dizendo:- "eu vi o Cristo, em pessoa".
A melhor evangelização é fazer que Cristo seja transparente em nós, que os nossos irmãos sintam a presença de Cristo dentro de nós, que percebam não estarem diante de um túmulo vazio
O mundo, em que vivemos atualmente, sofre uma crise de fé, de incredulidade, e exatamente porque sofre uma crise de amor, de compreensão, de bondade, solidariedade humana e cristã. E nós tanto pregamos o Cristo, tanto falamos dele, mas o Cristo que temos, e que conhecemos, é um Cristo morto, inerte, amorfo e indiferente, porque não se manifesta na transparência da nossa vida, das nossas ações, das nossas atitudes.
Padre Antonio Vieira
Escritor varzealegrense do seu livro BOM DIA IRMÃO LEITOR
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