segunda-feira, 20 de junho de 2011

A BASÍLICA *


CG - São Francisco, perdoai,
Com a permissão de Deus,
Virem estes filhos teus
Frente a Casa do teu Pai,
Quando de suas verves sai
Um cordel feito matriz,
De pintura sem verniz
Numa aquarela de fé,
Pra falar de Canindé,
Com sua bela Matrizx.

PP – Embora esteja fechada
Com o portão da esperança,
Há gente que te alcança
Como a eterna morada…
A tua bela fachada
A nossa terra enobrece,
O romeiro que padece,
Em ti encontra guarida:
És energia pra vida,
Para o coração és prece.

CG – São tantos pés calejados
Sobre esse teu patamar
E o coração a orar
Pelos filhos desprezados;
De tantos abandonados
Por esses sertão arisco
E sempre correndo risco
Nas mais diversas pelejas,
Mesmo com tantas igrejas,
Amam a de S. Francisco.

PP – Templo de nova visão,
Casa da fraternidade,
S. Francisco, na cidade,
É todo de devoção.
A sua meiga lição
Jamais será esquecida.
S. Francisco deu a vida
Pelo bem, tal qual Jesus
Representa aquela cruz
A paz que foi esquecida.

CG – Quando o pão foge da mesa
Porque a safra não vem,
Quando a panela não tem
O quinhão da sobremesa,
A vida vira tristeza
E torna o homem infeliz,
Mas o pensamento diz:
- Em Francisco eu tenho fé
E vou lá pra Canindé
Rezar na sua Matriz.

PP – Seja noite, seja dia,
O seu brilho é envolvente,
Confunde-se ao sol nascente
Com a pura poesia.
Toda pureza irradia,
De toda cor tem matiz…
Nem a “torre de Paris”
Jamais foi como esta é.
Viva o nosso Canindé,
Com sua bela Matriz.

CG – São Francisco, tua igreja,
Com tantos traços sutis
Torna a alma mais feliz
De todo homem que a veja.
Sua imponência despeja
Sobre as agruras da vida
As bonanças divididas
Nomeio que mais carece
E faz da dor uma prece
Sob essas torres erguidas.

PP – Recebe em seu leito aberto
Tanto o ateu como o crente.
É um perfeito ambiente
Para quem se encontra incerto.
O coração mais deserto
Ali encontra conforto.
É superior ao “Horto”
Por suas propriedades,
Em meio às desigualdades
Equilibra o era torto.

CG – Às vezes o pregoeiro
Altera tua lição
Ofendendo a devoção
Do nativo e do romeiro.
Até nosso padroeiro
Com isto se desencanta,
Da sua morada santa
Nos manda a repreeensão:
Francisco, a tua mansão
A nossa visão encanta!

PP – È lindo o teu campanário,
Sinal das horas sagradas,
Tuas torres afinadas
Até parecem rosário…
A porta é um breviário
A todos dando perdão,
O centro é um coração
Que acolhe o infeliz;
É com certeza a Matriz
a beleza do sertão.

CG – Dessa Basílica tão
Perfeita como a fizeram,
Tantas coisas já disseram
Sobre a sua construção.
Nesse templo de oração
Onde refloresce a fé,
Os seus devotos a pé
Ruamando ao templo sagrado
Choram emocionados
Na Matriz de Canindé.

PP – Evoca a própria grandeza
Que inspirou o Padroeiro.
Olhando-a, nosso romeiro
Demonstra ter mais firmeza
E quando ela está acesa
É belíssimo o painel.
À noite parece um véu
Que só nos faz deslumbrar,
Quem sobe o seu patamar
Já sobe um degrau do céu.

CG – Gigantesco monumento
De torres olhando o céu
Perguram belas o véu
Que envolve o firmamento.
Sente-se por um momento
Num ato de contrição
Ser necessário oração
E entra no templo sagrado,
Para deixar o pecado
E de lá levar perdão.

PP – Lá, entram almas impuras
Buscando ter um conforto,
O coração quase morto
Repleto só de amarguras.
No teto, belas pinturas
Encantam nossa visão.
Toda vez sinto emoção
Se tenho pra ela olhado:
Pois ali deixam pecado
E dali levam perdão.

CG – Os estilo diferentes
Que dão forma a escultura
Reperesentam a mistura
De vida dos penitentes.
Tantas faces sorridentes
Sobre corpos maltratados
Que rezam ajoelhados
Na mais contrita emoção
Vêm ali pedir perdão
Por achar que tem pecados.

PP – De joelhos, no altar,
Quantos já não se renderam?
Aqueles que se perderam
Vieram te procurar.
Do teu sino, o badalar
É por todos escutado.
Quem fica emocionado
Demonstra fé de cristão
Por achar que tem pecado.

CG – É como se fosse o lar
De quem não possui um teto.
Talvez o seu arquiteto
Inspirou-a pra abrigar
O homem que a trabalhar
Passa a vida sem viver,
Sem ter nada pra comer
Nesse caminhar eterno,
Fugindo do próprio inferno
Planta e não pode colher.

PP - Com a estátua de pé
Brevemente na cidade
Teremos uma trindade
De monumentos da fé.
Dessa forma, Canindé
Ingressa o novo milênio,
Com bem mais oxigênio,
Acenando ao mundo inteiro
Que a cidade do romeiro
Carece de mais convênio.

CG – Monumento coletivo
Da fé de todo cristão,
Firmamento de emoção
Do nosso ser primitivo
Que no peito traz cativo
O amor pelo celeste;
Todo povo do agreste,
Qual ave de arribação,
Vem beber sua oração
No doce mar do Nordeste.

PP – Pedindo à Matriz perdão,
Exposta aos raios divinos,
Dois poetas peregrinos
Rumam numa procissão…
Os versos em oração,
CG – Concentrados num só culto,
Elevam soberbo vulto
Lá pros convins do Universo,
Somente atravé do verso
O bem não se faz oculto.

Celso Góis Almeida e
Pedro Paulo Paulino

*Este folheto de Cordel, publicado em 2002, integra o Projeto Acorda Cordel na Sala de Aula, realizado pelo poeta Arievaldo Viana. Também faz parte do livro São Francisco na Literatura de Cordel, de Arievaldo. Celso Góis Almeida é autor do livro Concerto de Poemas sem Concerto, lançado nesse mesmo período em Canindé.

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