quarta-feira, 22 de junho de 2011

Por onde andam seus sonhos?



- Claude Bloc -
Por onde andam seus sonhos? Lá estava impertinentemente a pergunta. Apressei o passo. Fechei os olhos. Fingi que não era comigo. Sentei-me rapidamente tentando me concentrar e digitei o mais rápido que pude, procurando inutilmente me desvencilhar da questão, mas não consegui. Estava na minha cabeça, no papel onde fiz uns rabiscos, na tela do monitor, em todos os lugares para onde olhava, me deixando meio tonta.

Parei por um momento e depois me engalfinhei com aquela interrogação insistente. Revirei com cuidado a caixa de papelão das memórias e não me veio nem um simples sonho, nem mesmo daqueles que a gente imagina quando criança “quando crescer quero encontrar …” Nenhum mesmo! Nada. Nem daqueles em que a gente costuma lembrar as brincadeiras na rua, em casa, quando a gente pensa nos colegas da escola, nada! Nem mesmo das brigas homéricas com os irmãos mais novos atalhando o espaço para sonhar futuros improváveis.

Revirando a caixa mais um pouco, dei de cara meus antigos óculos de armação em madrepérola, lentes de uma adolescente tímida que, finalmente, descobria o mundo. Ainda consegui ouvir bem de longe as vozes dos intrépidos seresteiros que se “arriscavam” cantando na Irineu Pinheiro. E os suspiros ingênuos daquela menina acanhada que se esgueirava pelas venezianas para ouvir a música que entrava em sua casa pelo labirinto da fantasia – sim porque sonho, projeto, coisa séria é outra história – e o meu sonho nessa época se perdia por entre vocais apaixonados e melodiosos violões, belos filmes, romances. Tudo muito bem fantasiado e nada feito.
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Soterrados bem no fundo da caixa, embaixo de uma pilha de lembranças mal digitadas e pobremente redigidas, estavam alguns dos meus velhos sonhos, uns já bem amarrotados, por isso, abri mão de mergulhar mais fundo com medo de arriscar encontrar alguma esperança embaraçada nos meus, digamos, sonhos.

Ainda bem, pois admito muitas vezes minha mediocridade, com toda modéstia. Admito também que choro outras tantas vezes sobre os sonhos derramados. Mas mesmo que a você muitas vezes eu pareça triste posso afirmar que sou apenas uma mulher que ainda tem sonhos guardados, sonhos travessos e não revelados. Sonhos preservados com cuidado.

E você... Por onde andam seus sonhos?

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