terça-feira, 2 de agosto de 2011

Corsários de Gabinete


A ganância, talvez, é o que conserva
A vileza nas mentes mais vulgares,
Quais praxes imorais dos lupanares,
Que alimentam os laivos da caterva.

Os ganhos impudentes dos jantares
Açulam o apetite do proterva,
Cuja gula esfaimada o probo enerva
Na inversão dos ufanos populares.

E agigantam-se as deformidades
No estranho festival de amenidades
Fiado nessa imagem impune e crua

Que reflete a pilhagem dos corsários,
Embuçada ao torpor dos mandatários,
Cancro espraiado sobre a honra nua.

HAROLDO LYRA/CE–

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