Como todo homem que no mundo
Encontraram um cão magro, nojento,
Eu também encontrei um cão imundo,
Asqueroso, faminto, rabugento.
Apiedado do seu sofrer profundo,
Pois o pobre já nem mais tinha alento,
Dei abrigo e carinho ao vagabundo,
Procurando tirar-lhe o sofrimento.
Mas em vez de mostrar-se agradecido,
Já refeito, voltou-se enfurecido
E mordeu-me o desventurado cão.
E se foi, a rosnar, embora, em paga.
Mas se muito doeu a dor da chaga,
Doeu mais, muito mais, a ingratidão.
Ribamar Lopes
Poeta maranhense in memoriam
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