quarta-feira, 14 de setembro de 2011

PROSA DA VÁRZEA


COMPOSIÇÃO LITERÁRIA SEM A LETRA A

EXMO. SR. DIRETOR

Sou o leitor de seu periódico, desde o primeiro número. Felicito-o pelo êxito do empreendimento, pelo evento que veio enriquecer o nosso povo ledor.
Por mim, estou muito contente porque me sinto feliz com tudo que é bom e útil. Nem sempre encontro o que ler em estilo sóbrio, festivo, divertido e noticioso.
Sonhei sempre com um periódico jovem, no vestir e no sentir, livre no dizer, forte no defender os direitos do povo, onde meu espírito visse e sentisse riso, perfume, luzes e fulgores, destemor e intrepidez.
Folgo, pois, pelo brilho e merecido êxito do periódico. Foi um esforço generoso que suponho teve pleno reconhecimento do público que merece presentes régios como este.
Disse Sorokin, sociólogo russo, que somos o que comemos. Povo superior e forte é o que come bem. Podemos dizer o mesmo: povo culto é o que lê bem, que sempre lê o melhor. Merecem louvor os obreiros, que enriquecem os celeiros, como os escritores que enchem o mundo de livros bons.
Sou escritor e sinto como o povo sente. O povo sempre merece o melhor.
No mundo de hoje tudo escurece e mete medo. No que se vê, no que se ouve, no que se lê, no que se pressente. Tudo tem gosto de fel e estilo funéreo de necrópole: crimes, mortes, roubos, sequestros, ódios, terror, fome, prisões, desordens, sofrimentos, em todos os pontos do universo. Temos sempre os olhos tintos de vermelho ou escuros de preto, de sempre ver episódios tristes e horizontes sombrios.
Temos o direito de ver horizontes límpidos e luminosos, de colorir os olhos com luzes do céu, de ouvir estribilhos de rouxinóis, de sentir o belo e o bom em tudo que Deus criou e nos ofereceu.
Bendito os que distribuem riso, perfume, sonhos e idílios.
Solfeje, Sr. Diretor, o hino glorioso dos vencedores. Somos felizes vendo que tudo lhe corre bem. Você bem o merece. Pelo que fez e pelo desejo de oferecer o que é melhor, o que é bom é útil, pelo esforço de servir sem ser servido, sem os interesses comuns de proveito próprio.
Isto é muito difícil em nossos tempos cheios de egoismo. Somente os bons, os fortes, os desprendidos, os generosos conseguem isto.
Envio-lhe por tudo que tem feito pelo nosso povo o testemunho de respeito, o preito de reconhecimento, o louvor merecido e sincero de um humilde e modesto.
LEITOR.

Padre Vieira
Escritor varzealegrense

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