Nasceu na Vila de São Vicente Férrer das Lavras, no dia 24 de agosto de 1832, filha de Isabel Rita de São José e do Major João Carlos Augusto.
Pelo lado materno, era bisneta de Francisco Xavier Ângelo, Capitão-Mor e Comandante-Geral da Vila de São Vicente Férrer das Lavras. Filha mais velha dentre os onze irmãos. Casada com o Major Ildefonso Correia Lima, Capitão da 1ª Companhia do Batalhão nº 28 e Major Fiscal da Guarda Nacional de Lavras. Tiveram doze filhos. Senhora de inúmeras propriedades rurais no município e prédios residências na Vila, muito gado e muitos negros que o serviam como escravos. Criou seus filhos sozinha, pois ficou viúva muito cedo, deu-lhes rígida educação que primava pelo respeito e obediência. Gostava de trabalhos manuais, como fiar, fazer varanda de rede. Era muito religiosa, rezava o Ofício de Nossa Senhora e, quinzenalmente, assistia a missa que mandava celebrar na capela da sua propriedade (Tatu). Teve uma participação ativa na vida política e social do Ceará, com todas as prerrogativas de coronel latifundiário. Sendo respeitada como tal. Fideralina levava sempre consigo um bacamarte ou garrucha, nas caminhadas andava a cavalo ou de liteira, contava para sua guarda e proteção, homens corajosos e hábeis no manejo das armas, conhecidos como “os cabras de Dona Fideralina”. Faleceu no dia 16 de janeiro de 1919, no Sítio Tatu, em Lavras da Mangabeira.
A Força de Dona Fideralina I
A força que Dona Fideralina exercia em Lavras era de um verdadeiro coronel. A primeira foi 26 de novembro de 1907, quando seu filho, Cel. Honório Correia Lima, chefe do partido governista, foi deposto pela força do bacamarte de Dona Fideralina, que estava a frente do combate junto com seu filho Cel. Gustavo e o Intendente Municipal, Manoel José de Barros, por ela indicado para o cargo. Fato noticiado pelos jornais da época. O Cel. Honório ocupava largo espaço político com as posições conquistadas ao longo dos anos. Só esqueceu-se que aquela situação lhe fora propiciada por sua mãe, a quem cabia, de fato, o comando. A partir do momento em que Cel.Honório passou a divergir de Fideralina, foi forçado a deixar a chefia do partido. Foi deposto e substituído pelo irmão, Cel. Gustavo, detentor da confiança da mãe.
A Força de Dona Fideralina II
Do episódio da deposição de Honório deriva a briga de Fideralina com sua irmã Pombinha. Era privilégio da matriarca orientar os casamentos da família; destinou ela a Honório e Gustavo, as filhas de Pombinha, Petronila e Joaninha, primos em primeiro grau. E, para mal de Fideralina, o filho que ela escorraçara de Lavras era o genro preferido de pombinha, que jamais lhe perdoou a ofensa. Na primeira vez em que Fideralina perdeu o poder no município, para os rabelistas, a irmã atravessou a cidade de joelhos, em direção à igreja. Defronte ao altar de São Vicente, ficou beijando o chão em sinal de agradecimento. E quando, antes de morrer, Fideralina pediu a presença da irmã, obteve fria e dura resposta: “Se ela quer me pedir perdão, diga que perdôo”. Mas ir vê-la, diga que não vou.
O Assassinato do neto de Dona Fideralina!
Ildefonso Lacerda Leite, médico que logo depois de formado pela Faculdade do Rio de Janeiro, começou a exercer a profissão em Princesa, terra de seu pai, Luiz Leônidas Lacerda Leite, marido de Joana Augusto Leite, filha de Fideralina. Lá, Ildefonso casou-se com Dulce Campos, filha de um chefe político do município, Cel. Erasmo Alves Campos. Com esse casamento o doutor arranjou um inimigo, Manoel Florentino que desejava ter Dulce por esposa e enraivado ao vê-la se casar com um forasteiro juntou-se a José Policarpo, ex-aluno do Seminário da Paraíba e ligado ao vigário de Princesa, Pe. Manoel Raimundo Donato Pita e resolveu se vingar de Ildefonso. Em 6 de janeiro, feriado de Dia de Reis, Florentino e Policarpo mataram com uma punhalada no peito e um tiro no coração, o neto de Fideralina. O moço ia à farmácia providenciar remédios para aliviar aos antojos da mulher. Após o crime tentaram os criminosos enterrar o cadáver. Mas, por imperícia deixaram o corpo com os pés de fora. Vingança pior aguardava a dupla de assassinos!
Tá aqui que Dona Fideralina mandou!
Dona Fideralina reuniu no Sítio Tatu os cem cabras que havia conseguido juntar com a ajuda de outros coronéis da região. Tudo isso, para vingar a morte do seu neto. Ildefonso Lacerda Leite, assassinado em Princesa - Pb. A Velha Fideralina despachara seu estranho exército com a incumbência de lhe trazer as orelhas de cada um dos assassinos do neto. Não era à toa que se dizia nas Lavras que a velha do Tatu rezava toda noite num rosário feito das orelhas dos seus inimigos mortos. Depois dos seus cabras entrarem em Princesa e fazer o serviço, arrancaram as orelhas dos assassinos do neto da matriarca e disseram a célebre frase: “Tá aqui que Dona Fideralina mandou!”. Esse crime de princesa, ocorrido em 1903, marca o início da projeção de Dona Fideralina para além dos sertões do Cariri, e a extensão da sua influência junto ao governo do Estado do Ceará.
Fideralina e seu inimigo Mons. Miceno!
Herdeira de dois grandes chefes, acostumada ao poderio, não admitia oposição. Sendo preciso, esqueceria a religião e lutaria contra a Igreja. Mons. Miceno Clodoaldo Linhares, vigário em Lavras por 49 anos, de 1879 a 1925, que ousou opor-se a Fideralina, provou-lhe o ódio. Era conhecido pela sua retidão de caráter, pela facilidade para o discurso, tinha admiração do clero. Mas tinha uma mancha na vida. Quando jovem, tivera uma filha em Tauá. Fideralina levou a peito tornar público o erro do vigário. Mons. Miceno, ao partir de Lavras, profetizou que as crianças daquela época veriam a queda de Fideralina. Errou: Passou-se muito tempo até o dia em que ela, ou os seus, não conseguiram mais eleger o prefeito.
Fonte: http://www.lavrasdamangabeira.com/
Pois é Israel.Tudo que está postado no seu blog, eu tenho em arquivo pois pesquisei bastante sobre minha xará já que meu nome vem dela. Minha família conheceu sua história e seus familiares.
ResponderExcluirEstou fora de Fortaleza e qyase não acesso a net, daí não está comentando suas postagens.
Vi, li e estou agradecendo.
Fideralina.