No início dos anos 70, as velhas fórmulas que haviam norteado a produção musical brasileira de massa pareciam haver se esvaziado. A Bossa Nova era mais um fenômeno americano que nacional, as "músicas de protesto" haviam desaparecido junto com os festivais.
O rock nacional (Mutantes, Liverpool Sound, O Terço, Som Nosso de Cada Dia, etc...) ainda era embrionário, o samba "autêntico", após um renascer promissor no início dos anos 60 havia caído em completo ostracismo e resistia bravamente nos terreiros e fundos de quintais cariocas. E a pretensa psicodelia dos tropicalistas não resistira ao exilio londrino de Caetano e Gil, seus dois principais mentores.
Com um mercado consumidor em plena ascensão, restou aos produtores musicais partir para a música regional, em busca de outro filão milionário. E não me refiro à música caipira, que esta sempre teve seu segmento, ou a tradicional MPB, assim como aquilo que depois se convencionou chamar de "múscia brega".
E os primeiros a entrar nova nova onda foi um tal Pessoal do Ceará, uma criação coletiva e meio eclética que reunia Fagner, Belchior, Ednardo, Tutty e Rodney Rogério, que estouraram ali por 1973. Na sequencia e na esteira da onda vieram Amelinha, Zé Ramalho da Paraíba, Elba Ramalho, Alceu Valença, Quinteto Violado...
Aparentemente, os produtores haviam acertado na veia: de Minas, vieram Zé Geraldo, Lô e Márcio Borges, Beto Guedes, Wagner Tiso, esses últimos através de belíssimo trabalho coletivo nos discos "Clube da Esquina" I e II, e "Minas", de Milton Nascimento.
Do Espírito Santo, aparece o rascante Sérgio Sampaio botando seu bloco na rua e da Bahia as vozes rijas e sertanejas de Xangai e Elomar.
E junto com esses novos arautos da música brasileira vieram também novos autores e compositores, às vezes completamente desconhecidos da imprensa e público como o cearense Fausto Nilo, Petrúcio Maia ou o baiano Wally Salomão, se bem que este último já engajado com os novos cantores da Bahia, como Gal Costa ou Maria Bethania.
Alguns desses nomes foram catapultados quase instantaneamente para o sucesso , solidificando ao longo do tempo suas carreiras como Fagner, Elba, Zé Ramalho. Outros, apesar do investimento da indústria fonográfica e da simpatia de grande parte da mídia, emplacaram um ou dois sucessos, mas não se revelaram grandes vendedores de discos, o que naquela época era o sustentáculo da carreira de qualquer artista.
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