quarta-feira, 3 de outubro de 2012

CLÉSIO

Clésio de Sousa Ferreira(Teresina, 24 de outubro de 1944 - 6 de julho de 2010) foi um compositor, cantor e professor brasileiro de origem piauiense radicado em Brasília.[1] Clésio em show de Chapada do Corisco. Foto: Arquivo pessoal Segundo filho de Alice e Matias Ferreira, mudou-se para Brasília com 20 anos, em 1964, para morar com o irmão mais velho, Climério. Em 1965, o restante da família veio para a capital do país. Formou-se no curso de Letras Português da Universidade de Brasília (UnB) no início da década de 1970. Começou a dar aulas de matérias relacionadas à língua portuguesa. Na mesma década, começou a compor e participar de festivais de música. Também no início dos anos 70, Clésio começou a fazer músicas com os irmãos Climério e Clodo.[2] Em 1976, participaram do programa Mambembe, a vez dos novos, da TV Bandeirantes, produzido por Walter Silva. Os irmãos Ferreira apresentaram juntos seus trabalhos individuais. Clodo conta que o produtor do programa entendeu que formavam um trio. Até hoje, Clodo e Climério afirmam que não eram um trio, eles "tocavam juntos”. Em 1976, o cantor cearense Ednardo convidou os irmãos Clodo, Climério e Clésio para gravar um disco. Desse convite nasceu São Piauí.[3] Ficou conhecido nacionalmente por causa da música Revelação, primeiro sucesso radiofônico de Raimundo Fagner (incluida no álbum Eu Canto - Quem Viver Chorará).[1] Compôs a melodia para o poema Memória, de Carlos Drummond de Andrade. Segundo Climério, outro artista musicou o poema e gravou. “Quando o Clésio viu esse poema com outra música, gravado e editado. O Clésio disse ‘não vou perder minha melodia, porque senão vão dizer que é plágio’. E o Clodo fez uma letra para a melodia.”. Clodo diz que precisou fazer três versões da letra até que ela casasse com aquela melodia. Ao ouvir a música, Fagner pediu que os irmãos reservassem para ele, pois queria gravá-la. Assim, nasceu a música mais famosa de Clésio. Apesar de ser grande conhecedor da língua portuguesa, talvez por esse conhecimento, Clésio escrevia menos. Mesmo sendo conhecido como poeta, tem mais melodias do que letras próprias. Nara Leão se interessou pelas músicas dos irmãos Ferreira e foi a Brasília para se encontrar com eles. Ela gravou Por um triz, composição dos três. “A Nara compôs junto com o Fausto Nilo e com o Fagner a música Cli, Cle, Clo. A única composição dela”, conta Clodo. Cli, Cle e Clo são as iniciais dos nomes dos irmãos. Os três fizeram parcerias com Dominguinhos separadamente. Como o pernambucano só compunha melodias, Clésio compôs as letras de Caxinguelê e Dia Claro. Outras músicas dos Ferreira foram gravadas por grandes nomes da música brasileira. E Revelação foi regravada diversas vezes.[2] Clésio, Climério e Clodo, os três que não eram um trio. Foto: Raimundo Fagner “Os irmãos Ferreira trouxeram o Piauí para Brasília. E eles ficaram conhecidos aqui com essa temática. Que não era uma temática exclusivamente piauiense, porque eles também entraram numa temática universal. Mas essa face é muito marcante”, diz o jornalista Beto Almeida. Ele explica que a estética piauiense é agreste e doce. “Eles faziam versos, aparentemente, despretensiosos. São versos concisos, simples e profundos”, completa. Climério afirma que existe uma espécie de sotaque do Piauí nas músicas deles. Eles também tinham influências das músicas românticas e da música nordestina, como um todo.[2] Climério diz que as músicas de Clésio refletiam muito a personalidade dele. “Como ele era uma pessoa quieta e estudiosa, as melodias dele não são muito rápidas. Ele fazia melodias calmas, no geral. Sofisticadas. Mais próximas de Edu Lobo do que de Luiz Gonzaga”, conta o irmão mais velho. “Clésio dominava a melodia muito bem”, diz Climério. Clodo conta que o irmão nunca estudou em escolas de música, o processo de composição era intuitivo. Além de se apresentar com os irmãos, Clésio também gostava de tocar violão em casa de amigos. “Tinha um bar chamado Peixaria, que ele frequentou durante vários anos. Não era um show, mas ele tocava lá quase toda noite”, relata Clodo. O segundo disco, Chapada do Corisco, foi produzido por Fagner. Dominguinhos produziu o terceiro disco, Ferreira. Os outros três discos foram gravados em Brasília e lançados de forma independente.[2] Os irmãos lançaram seis discos com músicas inéditas. Em 2001, foi lançado o CD Trio Certeiro, a convite de Luiz Amorim, proprietário do Açougue Cultural T-Bone, resgatando composições dos três discos independentes, todas elas feitas pelos três juntos. Eles já não gravavam reunidos desde 1997, e se juntaram para lançar essa coletânea. Os outros discos só foram lançados em vinil e estão fora de catálogo.

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