Uma peculiaridade que marcou Várzea Alegre, desde os tempos mais remotos, tem sido a preferência pelo nome Raimundo. Com efeito, tornou-se comum existirem Raimundos em todas as épocas e no seio de todas as famílias.
O fenômeno origina-se, em parte, na mística do santo padroeiro, todavia a verdadeira origem é ainda antiga e se assenta na figura histórica de Raimundo Duarte Bezerra, imortalizado pela alcunha afetiva de Papai Raimundo.
Passados mais de dois séculos do seu nascimento, ouve-se, hoje, com bastante freqüência, a indagação: quem foi Papai Raimundo? O que fez esse personagem tão famoso, cuja história está meio adormecida lá nos confins dos tempos?
Como resposta, podemos assegurar que Raimundo Duarte Bezerra foi o principal ascendente das origens varzealegrenses e fundador da cidade.
Nasceu em 1767, no sítio Lagoas, distrito de Canindezinho, filho de Francisco Duarte Bezerra e Bárbara de Morais Rêgo. Era neto de Bernardo Duarte Pinheiro e Ana Maria Bezerra, ele o primeiro colonizador do município de Várzea Alegre, aqui instalado em 1718, no tempo do Brasil colônia, há quase 300 anos.
Casou-se com Teresa Maria de Jesus, no dia 20 de agosto de 1788, e escolheu as terras, onde depois surgiu a cidade de Várzea Alegre, para edificar sua casa e estabelecer-se. Reza a tradição, que a casa ficava bem próxima à lagoa e que em torno dela outras habitações surgiram. Foi erigida uma capela e formou-se o embrião de um povoado que viria a ser Várzea Alegre, num futuro tão distante.
Papai Raimundo tinha ancestrais portugueses, pernambucanos, piauienses e dos Inhamuns. Sua mulher era neta de João da Cunha Gadelha, fundador do distrito de Naraniu. Do casamento nasceram oito filhos que cresceram ao lado dos pais, ocupados nos afazeres próprios de uma fazenda de plantar e criar, segundo o modelo da época. Destaque para Major Joaquim Alves, o principal responsável pela doação das terras a São Raimundo Nonato. Os registros cartoriais, apesar de algumas controvérsias, revelam que Raimundo Duarte Bezerra teve seis irmãos, com relevância para Manuel Antonio de Morais (o velho Morais) e José Bezerra da Costa, também responsáveis por numerosas proles. Mas era ele o líder e foi ele o nome que mais se identificou com as origens da cidade, por ter fixado residência aqui. Depois de ficar viúvo, Papai Raimundo contraiu um segundo casamento e dessa vez com Ana Maria dos Passos, que era filha de Antônio Correia Lima e Damiana Pereira. Desse casamento nasceram mais nove filhos. Destaque para Idelfonso Correia Lima (Major Idelfonso), que seria importante personagem na história política do vizinho município de Lavras da Mangabeira.
Rodeados de filhos, genros, noras, netos, sobrinhos e afilhados, vivia o nosso patriarca devotado ao trabalho e à família. Sua bondade era tanta que lhe valeu a alcunha afetiva de Papai Raimundo.
Faleceu em 1840 deixando com a família um legado que o tempo não destruiria. O sítio por ele implantado prosperou, tornou-se povoado, depois vila e hoje é esta cidade tão simpática, generosa, hospitaleira e progressista.
Esta é a razão pela qual ainda hoje cultuamos a memória de Raimundo Duarte Bezerra. A história reconheceu a sua importância e para nós esta terra será sempre a Várzea Alegre de Papai Raimundo.
Tibúrcio Bezerra
Especial saber a verdadeira história dessa dessa cidade tão simpática e verdadeiramente alegre.
ResponderExcluirMuito bem escrita a história de vida do nosso ancestral maior, por Tibúrcio Bezerra. Parabéns!
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