quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Imagens do Nordeste



Sobre o capim orvalhado
Por baixo das mangabeiras
Há rastros de luz macia:
Por aqui passaram luas,
Pousaram aves bravias.

Idílio de amor perdido,
Encanto de moça nua
Na água triste da camboa;
Em junhos do meu Nordeste
Fantasma que me povoa.

Asa e flor do azul profundo,
Primazia do mar alto,
Vela branca predileta;
Na transparência do dia
És a flâmula discreta.

És a lâmina ligeira
Cortando a lã dos cordeiros,
Ferindo os ramos dourados;
– Chama intrépida e minguante
nos ares maravilhados.

E enquanto o sol vai descendo
O vento recolhe as nuvens
E o vento desfaz a lã;
Vela branca desvairada,
Mariposa da manhã.

Velho calor de Dezembro,
Chuva das águas primeiras
Feliz batendo nas telhas;
Verão de frutas maduras,
Verão de mangas vermelhas.

A minha casa amarela
Tinha seis janelas verdes
Do lado do sol nascente;
Janelas sobre a esperança
Paisagem, profundamente.

Abri as leves comportas
E as águas duras fundiram;
Num sopro de maresia
Viveiros se derramaram
Em noites de pescaria.

Camarupim, Mamanguape,
Persinunga, Pirapama,
Serinhaém, Jaboatão;
Cruzando barras de rios
Me perdi na solidão.

Me afastei sobre a planície
Das várzeas crepusculares;
Vi nuvens em torvelinho,
Estrelas de encruzilhadas
Nos rumos do meu caminho.

............................................................

Salinas de Santo Amaro,
Ondas de terra salgada,
Revoltas, na escuridão,
De silêncio e de naufrágio
Cobrindo a tantos no chão.

Terra crescida, plantada
De muita recordação.
 
Joaquim Cardoso
poeta recifense 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O TREM




  Na década de 60, o agente dos correios, o Sr. Lino, chegando de Cedro em seu Jipe, paro-o em frente à oficina de João Alves e disse-lhe: “ô João, tem um trem quebrado no Cedro e já faz muitos dias. Os técnicos da REFESA e mecânicos de Fortaleza já tentaram de tudo quanto é jeito, mas não consertaram. Aí eu caí na besteira de apostar que tu consertava e vim te buscar”. João Alves achando a história complexa disse-lhe que ia apenas ver como era, pois não prometia consertá-lo já que nunca tinha visto uma máquina daquela. E se foram.
  Chegando ao local, um dos engenheiros irritado disse: “esse matuto aí, deixo mexer não”. O chefe da estação, que havia apostado com Sr. Lino, tratou de possibilitar a vistoria de João Alves na máquina do trem. Ele observou por algum tempo aquela fantástica máquina e percebeu que um certo pino deslocado do seu local adequado, obstruía o movimento rotativo do trem. Pediu uma marreta e com duas pancadas recolocou o pino no local de origem e disse; “solta o vapor”. O trem voltou a funcionar normal, o engenheiro pediu desculpas a João Alves, seu Lino ganhou a aposta e foi a maior festa. Ainda hoje se comenta esta façanha do Mestre João Alves.

Cesário Ney
Do seu livrinho “João Alves Um gênio no seu tempo”. Pag. 07. Ano 2004.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O SER JORNALISTA




  Jornalista não é produto de bancas escolares. É uma pessoa capaz de se fazer entender, com espírito crítico e elevado dom investigativo. Pode até ser lapidado em universidades, mas não se fabrica jornalista. É estranho assim, que se exija diploma ou que se queira regulamentar as suas atividades autônomas e autodidatas; originária dos grafólogos da idade da pedra e cuja comunicação alcança a moderna internet, larga usuária de simbologias e imagens. Seu principal censor já existe desde o raiar dos tempos, na figura de sua majestade o Leitor.
  Textos sem substância são reprovados na hora e seus autores alijados naturalmente, sem necessidade de doutos policiando o que escrevemos, com poder de vida ou morte aos escritos, a exemplo do ocorrido no filme “Farenheite 451”, quando um governo opressor proíbe a literatura, como forma de manter o controle da opinião pública, e um grupo de bombeiros é encarregado de atear fogo às coleções de livros encontradas. Curioso pelo mundo dos livros, o bombeiro Montag começa a questionar a moralidade e as intenções do sistema. Ele se apaixona por uma bela jovem que faz parte de um grupo rebelde, pró-literatura, e também se encanta pelos livros. Decide rebelar-se e, após incinerar seu chefe, foge para aquela comunidade que memoriza os livros e recita os textos para quem quiser ouvir. É óbvio que a preservação do escrito em livros e reportagens é imprescindível para as civilizações, tanto que o novo mundo tecnológico digitaliza e arquiva textos e imagens, compondo os atuais livros eletrônicos (e-books) que nos permitem ler em qualquer lugar ou hora, muito além das bibliotecas antigas.
  O jornalista investigativo ou não, só tem um compromisso fundamental: a verdade.

José Artur Paes Vieira de Melo

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

HOMENAGEM A RECIFE




Da espuma do mar o Recife nasceu
Do sangue de heróis, sobre a pedra
Sagrada, se embebeu.
Do gado e do açúcar seu trono forjou
E a mata e o sertão governou.
Primeiro, apareceu Bento Teixeira,
Cantou o mar azul e a branca areia,
O arrecife. O veio prateado,
 E o sol brilhando com sua candeia.
Depois foi o rubi de Camarão
Contra o azul e o ouro de Nassau
E o diamante negro dos Henriques,
Topázio do moreno André Vidal.
E assim, entre os combates do Recife,
Foi o Nordeste sendo consagrado:
No sangue é que se tece esta coroa
Por isso ainda hoje é o Recife
A capital deste Nordeste inteiro:
E é reino para o povo brasileiro.
Manuel Bandeira canta a sua Aurora,
A Rua da Saudade e da União.
Joaquim Cardoso vê abrir-se, ao sol,
O leque aceso, cauda do pavão.
E finalmente o nosso Carlos Pena
Canta o sangue da águia e o
Olho do sol do seu Leão.

Ariano Suassuna


domingo, 24 de fevereiro de 2013

BOTECO DONA MARIA




Bebericar com os amigos
Com muita alegria
sem zoeira nem confusão
Tudo na maior harmonia
O lugar melhor que há
é o Boteco Dona Maria

Se divertir é uma arte
Que nos trás satisfação
Brincar com os amigos
Sem arranjar confusão
Num ambiente familiar
Com todos em união

Na Rua das Pernambucanas
O número eu vou falar
É o um cinco dois
Venha logo visitar
O ambiente é familiar
Certamente irá gostar.

Israel Batista

*Essa poesia eu fiz em forma de comercial para o Boteco Dona Maria em que eu estou trabalhando, onde ele lá tá fazendo o maior sucesso.


LAPSO NA HISTÓRIA




  Minha cidade nos últimos anos anda caindo em falta, no sentido de reverenciar os seus ícones culturais e sociais. Com isso fica o alerta, para que isso não volte a acontecer. Várias pessoas que deram sua parcela de contribuição para a história de Várzea Alegre, no ano de seu centenário passou em branco. Sei que muitos devem está comentando isso: “Comemorar sem a pessoa ver é melhor não, comemoração pra mim, só se a pessoa estiver presente, depois que morrer não precisa mais.” Concordo plenamente com essa afirmação. Mas o porquê eu bato nessa tecla que se deve lembrar o centenário de algumas pessoas? É para reverenciar esse alguém pelo o que ela fez em vida, e aos mais novos que não a conheceram, tomar conhecimento quem foi esse alguém e qual o serviço relevante que prestou a sociedade varzealegrense.  
  Eu de 2009 para, cá venho anotando em meu caderninho, as faltas que ocorreram. Até o ano passado, quando pude ver o centenário do jornalista Joaquim Ferreira, que durante a sua vida trabalhou no jornal “O GLOBO”, e foi o comentarista brasileiro no período da guerra na BBC de Londres. Levou o nome do nosso recôncavo ao mundo, (veja sua biografia escrita pelo seu irmão no livro “Várzea Alegre, minha terra e minha gente”). Mais um esquecimento em sua terra natal, no mês de novembro do ano passado esse grande jornalista, se vivo fosse completaria cem anos. Só para rememorar as pessoas que ficaram no esquecimento em seu centenário: Antonio Sátiro em 2007 o primeiro dentista formado de Várzea Alegre. Elisa Gomes grande educadora de nosso município completou cem anos no ano de 2012. Chagas Bezerra no ano de 2005. Hamilton Correia no ano de 2009. José Leandro 2006. E nesse ano o médico e escritor José Ferreira se vivo estivesse completaria seu centenário, eu me comprometi em lembrar sempre ele nesses meus escritos, e no próximo ano virá o centenário do dentista famoso Expedito Pinheiro e do poeta maior Bidinho e o outro poeta grande Miguel Alves de Lima, vamos lembrar esses vultos que passaram e deram sua parcela de contribuição para a história de Várzea Alegre.
  Sei que para muitos é hipocrisia da minha parte, em falar e querer que seja lembrado essas pessoas, que o município não pode ta fazendo festa direto homenageando essas pessoas. Concordo plenamente, mas poderia ser ressaltado em algumas reuniões da câmara de vereadores, em editais da prefeitura, as escolas se mobilizarem em fazer trabalho de pesquisas, sobre a vida desses autores.  Na minha lista tem alguns nomes que no futuro quando for seu centenário, será bastante comemorado, não citarei os nomes para não causar desconforto. E essas pessoas serem homenageadas, isso é bom e bastante relevante, mas o que me indigna é que sei que eles merecem, mas sem querer desmerecer, mas os outros esquecidos, também são merecedores dessa mesma homenagem.
  Esses meus escritos não é para polemizar e nem querer balburdiar as coisas, e sim é um alerta para a história do município, que grandes ícones se foram, mas não foram lembrados em um momento sublime, que se vivo fosse, seria de grande júbilo para si e seus familiares. Várzea Alegre, fica aqui o meu alerta, e não esqueça essas pessoas que construíram a história do município, e que deram a sua parcela de contribuição para o desenvolvimento do município da forma em que eles podiam, e que seu talento o permitiam desenvolver.
  Daqui uns sessenta anos será meu centenário, se vai ser comemorado, eu não sei, mas saibam que estou aqui nesse presente momento, resgatando um pouco dessas pessoas que construíram a história do município que me viu nascer, se eu vou ser lembrado ou não, isso não importa, importa-me hoje é o presente, sei que existe gente que foi mais capacitado do que eu, que não teve seu nome lembrado, e eu que me sinto abaixo do nível desses ícones, não me sinto merecedor de homenagem nenhuma. Por isso escrevo sobre essas pessoas. Pois é minha homenagem, e mostro para seus familiares que reconheci o valor que ele foi para minha cidade. Sei que cada dessas pessoas, o que fizeram pela sua terra, foi por amor, assim como eu escrevo, escrevo somente por amor, pois amo escrever, e através dos meus escritos, vou dando minha parcela de contribuição para as letras do município. E com isso deixo meu nome nas letras, mas tudo na vida o tempo vai levando, e com isso irei passar também. E num futuro próximo serei passado. E se serei lembrado, isso não sei, fica a critério dos cidadãos varzealegrense do futuro. Pois nessa época terão outros, que estarão tentando colocar o seu nome na história, assim é a humanidade. O ciclo vital continuará, e não para, e nesse momento estou em processo de construção de minha história de vida artística, mas adiante terei parado na estação da vida, mas já terão outros que continuarão a minha luta, ninguém é insubstituível, mas cada um constrói a sua história de maneira única, e quem ganha com isso é o município. Município que pode contar com a inteligência de Pedro Tenente, a irreverência de José Felipe, a capacidade musical de José Clementino, a visão de futuro de Chagas Bezerra e Raimundo Ferreira, a inteligência aguçada de Padre Vieira, a verve poética de Bidinho e José Gonçalves e tantos talentos que passaram por esse solo fecundo de artes. A alegria em meio à tristeza é a grande virtude desse povo, que vivem no sertão do Ceará, terra árida e seca, castigada por verões intermináveis.
  Fica aqui o meu alerta, Várzea Alegre, não se esqueça de seus ícones, e preparem o seu solo artístico, para os que estão surgindo neste presente momento, para que no futuro possam pisar firme o solo cultural. Um município cresce quando valorizam os seus valores artísticos, aqui fica o meu alerta. Espero que seja aceito como uma mensagem de alerta e não uma crítica pejorativa.

Israel Batista
18/02/2013       

sábado, 23 de fevereiro de 2013

MEU IRMÃO JOAQUIM FERREIRA




  Dos homens, era o meu irmão mais velho, o que vale dizer o meu velho amigo. Nascido aos 21 de novembro de 1912, em Várzea Alegre (Ceará), quase metade de sua existência foi vivida em Londres (29 anos), onde, de par com outras atividades, exerceu as funções de comentarista da British Broadcasting Corporation (B.B.C), desde os incertos e inquietos dias da segunda grande guerra mundial. Foi sua primeira professora a simpática D. Adelaide – que ele sempre lembrou com carinho, - e, por muitos anos, residiu em Juazeiro do Norte. Aos onze anos incompletos, entrou para o Instituto São Luiz, em Fortaleza, cuja direção era exercida pelo nosso cunhado, grande amigo e mecenas, o Dr. Francisco de Menezes Pimentel Junior.
  Foi no São Luiz, no “Grêmio Literário Padre Tabosa”, que se revelaram seus acentuados pendores para a imprensa e oratória. Orador certo de todas as sessões, sua colaboração não faltava a cada numero de “O Estímulo”, o jornalzinho do Grêmio. Fizemos, lado a lado, primário e seriado, terminando este ultimo, em 1930, no Liceu do Ceará. A revolução de 30 deu-lhe, acidentalmente, o primeiro episódio “meio-cômico” de orador político. À turba que passava pela, da janela do 1º andar do velho Café Poty (um pardieiro de estudantes pobre!), dirigiu uma saudação inflamada, simplesmente enrolado em um lençol! Magro e assim vestido, era a figura de Gandhi! A Fernandes Távora, um dos chefes da revolução, muito impressionou o ardor do “tribuno”, chegando a lhe oferecer posição de relevo na revolução triunfante. Ele, porém, confessava, depois: - “que foi divertido, foi!” e nada queria com quem “estava de cima”.
  Tinha, então, 18 anos em ebulição, inteligência e memória maravilhosas, devorando de um só fôlego quantos livros lhe caíssem às mãos. Vargas Vila era a sua bíblia e, de cambulhada, entravam quanto outros surgissem, de Virgilio a Schopenhauer. Publicou com um colega tão “atirado” quanto ele, dois números de um jornal feito a mãos (“O PASQUIM”), suspenso, logo no terceiro número, com a simpática interferência da policia... Sem um jornal próprio, passou a colaborar em dois matutinos de tendências antagônicas (“O NORDESTE” e “O CEARÁ”), mantendo com ele mesmo e nomes diferentes, terrível polemica. Era, dizia, o melhor meio de se fazer jornalista: - contestar as próprias palavras.
  Cearense de legitima estirpe e filho de português, não poderia deixar de emigrar e, em 1932, foi para o Rio, em busca de horizontes mais vastos. Já matara, no nascedouro, a pretensão ser farmacêutico, levando, todavia, uma transferência de seus de seus começados estudos de direitos, que... De tortos, nunca foram concluídos. Seus caminhos ideais eram os da hoje chamada comunicação e o jornal já lhe deixara visgo na alma, a que não podia fugir. Com a ajuda de um amigo – o Dr. Campos – entrou para “A BATALHA”. Foi, porém, no “O GLOBO”, onde o introduziu um modesto alfaiate (Pedro Souza), a quem sempre soube ser grato, que se sentiu em casa. Contratado para tirar as férias de um funcionário, por uma quinzena, lá ficou – quase, o restante dos seus dias – terminando por se aposentar, em janeiro de 1971.
  Em 1942, como redator de “O GLOBO”, em cujas colunas mantinha seus comentários sobre o desenrolar da guerra, recebeu da Embaixada Britânica um convite formulado pelo Press Club, de Londres, para uma visita aos países aliados vendo-lhes o esforço. Após uma entrevista relâmpago, na BBC, recebeu proposta para um contrato comentarista, o que sem pensar segunda vez, aceitou. Voltou ao Brasil para acertar seus negócios, prometendo regressar a Londres, na primeira oportunidade. E esta, muito cedo, lhe surgiu, embarcando em um navio inglês altamente cobiçado pelos torpedos nazistas. Foi uma viagem de 45 dias temerosos. Era, porém, já um motivo bem forte para uma boa reportagem.
  Assim, naqueles dias de incerteza, começou o Brasil inteiro a tomar conhecimento real da marcha dos acontecimentos que se desenrolavam. Ao lado de Bento Fabião, na hora exata, mesmo sob a ação de incursões ou bombardeios, as clássicas badaladas do BIG BEN anunciavam o “Comentário de Joaquim Ferreira”. Era um estilo bem seu de narrar os fatos, com sobriedade e austeridade incontestes, despertando em nossos corações a confiança na vitoria das armas aliadas, sem negar, no entanto, que ela custaria “sangue, suor e lágrima”, na honesta expressão de Churchill. Por esta época (Rio – 1943) enfeixou em livro (“Eles esperaram Hitler”) uma série de crônicas em que retratou a fibra heróica da raça inglesa, no aceso da “Batalha de Londres” e em outros episódios de invulgar bravura.
  Terminada a refrega, outros tipos de palestras surgiram. Foram “Livros e autores” – uma análise do que, na Inglaterra, se fazia na literatura e nas artes; “Comentários da Grã-Bretanha” – uma apreciação cuidadosa e carinhosamente feita da vida inglesa, desde os feitos políticos às manifestações do humor britânico; e, por ultimo, “VOCÊ SABIA?” – um programa de pergunta intrincadas e curiosas, em que, ao lado do portentoso William Tate, formando uma dupla de enciclopédias, vencia qualquer equipe adversa, ganhando-lhe nos pontos.
  Em Londres, sempre como correspondente de “O GLOBO”, teve a seu cargo a publicação de um boletim do Brazilian Trade Bureau (“Brazil-Land and People”), sem exagero, um dos mais eficientes meios de difusão do nosso país já feita, oficialmente. Por ultimo, dirigia a publicação de uma revista de turismo, órgão de uma entidade especializada inglesa e a que dedicava o seu melhor carinho.
  Perdeu várias grandes oportunidades para não perder a cidadania brasileira, de que muito se orgulhava. Por igual, nem o clima, nem outro fator qualquer lhe roubou o sotaque nordestino, de autêntico cearense. Ouvindo-o, qualquer um diria que ele nunca saíra de Várzea Alegre. De par com a lealdade que punha em seus atos, era esta a mais clara expressão de sua alta personalidade.
  Em abril de 1948, uniu-se, em Londres, com a Srta. Leda Pitanga Callado, irmã do romancista e escritor Antonio C. Callado. Motivos de saúde obrigaram Leda e, desde que engravidou, a vir para o Brasil, tendo seu filho – Guilherme Antonio – nascido na maternidade de Maranguape, em 18 de janeiro de 1949. É, hoje, economista e reside no Rio, em companhia de sua dedicada genitora. Em tudo, o retrato fiel do pai!
  Esteve em férias, no Brasil, de dezembro de 1970 até abril de 1971. Ao voltar à Inglaterra, pouco tempo depois teve que ser internado – e gravemente – em um hospital londrino. Malgrado a dedicação e competência dos seus médicos, num crescendo incontido, sua enfermidade evoluía e se tornava mais grave. Manifestou o desejo de voltar ao amado Brasil, ao convívio de seus familiares, dos seus velhos amigos, fui buscá-lo em Londres, numa viagem onde grande era a responsabilidade e maiores os riscos a enfrentar. Trouxe-o, felizmente, sem o menor incidente. Cercado da família e do seu mais vivo carinho e alimentando sonhos para um futuro que jamais viria, ainda resistiu por 34 dias, vindo a falecer, dia 4 de outubro de 1971, em nossa casa, em Olinda. Era a data consagrada a S. Francisco de Assis, aquele que compôs a “oração do amor”, que vence sete séculos e, assim, termina: - “morrendo, é que nascemos para a vida eterna”.

José Ferreira
*Do seu Livro “Várzea Alegre, Minha Terra e Minha Gente” Pag. 67 a 70 Ed. Henriqueta Galeno 1985                    

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

BIOGRAFIA ISRAEL BATISTA




Israel Batista de Sousa, nascido em 22/02/1972 na cidade de Várzea Alegre Ceará, filho de Raimundo Nonato Batista e Maria Lenilda de Sousa Batista. Desde criança Israel tinha uma capacidade de criar história, quando ele brincava com seus bonequinhos feitos de barros. Na escola adorava o desafio dos professores, quando passavam alguma redação para ele se destacar, mas era muito envergonhado, quando escrevia alguma coisa em sua casa. Foi mostrando aos poucos e o povo foi aplaudindo, mas sempre relutando em divulgar a sua obra, em maio de 1990 ele se converte ao protestantismo, e conhece José Paulino aonde formaram uma dupla musical promissora, com ele fez mais de oitenta músicas. Quando em 1994 ele decide cantar no calçadão da cidade divulgando uma música sua, e neste mesmo ano a banda Chico de Amadeu gravou duas músicas sua e ele também classificou uma música no festival da canção de Lavras da Mangabeira.
Foi o começo da ascensão do Israel, depois disto em anos posteriores ele se classificou em festivais a nível nacional, tirou segundo lugar no FESTAL do CREDE 17 no ano de 2000 e em 2001 tirou primeiro na cidade do Icó, em 2002 estreou nas Letras com o livro de poesias MOMENTOS, onde foi bem aceito pela sociedade, depois disto lançou vários livretos e compôs vários hinos cívicos e religiosos, podendo destacar, o da escola Doutor Dario, Iraci Bezerra, APAE, do distrito Naraniú, Calabaça, Santa Edwiges, Nossa Senhora do Rosário e muitas outras musicas compostas sua. Também neste ano de 2009 produziu um livreto in memorian da poetisa Lousinha Bezerra em parceria do seu filho Dr. Francisco e promete editar muitos outros esquecidos.
A cada ano a gente espera novidades de sua parte, pois sua mente é como se fosse um vulcão em erupção, sempre criando algo novo.

reprise já que hoje é meu aniversário

MARTHA DE HOLLANDA


A escritora Martha de Hollanda nasceu no dia 20 de março de 1903, em Vitória de Santo Antão, Pernambuco, numa época que a mulher era para casar e ser dona de casa. Acontece que esta Martha estava muito adiante do seu tempo. Na própria família havia restrições por ela ser avançada. Era rebelde e participou de muitos movimentos feministas. No dia 8 de dezembro de 1928 casou-se com um viúvo, José Teixeira de Albuquerque. No livro de Luciene Freitas pinçamos este trecho: “Antes de se encaminhar para a igreja, desfilou em carro sem capota pelas ruas principais da cidade, escandalizando a pacata sociedade da época e, como sempre, inovando, pois os vestidos das noivas, por velha praxe, somente eram conhecidos na igreja”. Martha que uma ativista e à primeira mulher a conseguir um título de eleitor e isso aconteceu em 1933, faleceu aos 47 anos de idade, no dia 23 de junho de 1950. Ela queria ser enterrada envolvida com gazes, levar as jóias e os perfumes preferidos. Queria que ao descer à sepultura um violinista tocando a serenata de Schubert, Em Pleno Luar. “Não foi envolvida em gazes, não levou jóias nem os perfumes, tampouco a música foi tocada.” http://fernando.blogueisso.com/2009/01/24/um-nome-que -a-historia-guardou-17/ Martha de Hollanda Recebi, há poucos dias, como oferta da minha estimada amiga Lourdes Sarmento, escritora e poetisa, de alta categoria, um livro fascinante, sob o título Uma guerreira no tempo, de autoria de Luciene Freitas, também brilhante escritora, que tem publicado vários livros de poesias, contos e crônicas.Li, com o maior encantamento e profunda emoção, a biografia da saudosa escritora pernambucana Martha de Hollanda, cuja vida precisa ser conhecida, na história literária de nossa terra, e transmitida às futuras gerações. O excelente livro de Luciene resultou de uma acurada pesquisa, durante quase sete anos, tendo sido publicado, em 2003, e contemplado, em 2005, com Menção Honrosa da Academia Pernambucana de Letras (APL). Tive oportunidade de ler um primoroso ensaio de Cristina Inojosa, intitulado Martha de Hollanda: Feminismo e Feminilidade, prefaciado por Lourdes Sarmento. O trabalho de Cristina foi baseado numa pesquisa minuciosa que realizou na Fundação Joaquim Nabuco. Conheci Martha e José Teixeira de Albuquerque, no início dos anos 40, e tive a sorte e a honra de desfrutar da amizade do casal. Meu Pai havia sido professor de Martha, no Colégio Santa Margarida, e tinha, na biblioteca particular, com uma bela dedicatória, o livro intitulado Delírio do nada, que ela publicou em 1930. Esse livro foi lido pela autora, em sessão especial da Academia Pernambucana de Letras, em agosto daquele ano, quando Martha foi saudada pelo acadêmico Raul Monteiro. Participei, várias vezes, das reuniões sociais e literárias, na residência de Martha e José Teixeira, numa modesta casa, de porta e janela, na Rua do Lima, 280, casa que, ainda, existe (vizinha à TV Jornal). A essas agradáveis reuniões compareciam escritores, poetas, artistas, jornalistas, médicos, advogados, engenheiros, políticos, inclusive intelectuais de outros Estados. Assisti ao enterro da minha saudosa e admirada amiga, em 1950 (José Teixeira falecera dois anos antes). Martha, além de escritora, exerceu o jornalismo e tomou parte ativa, nos movimentos feministas, tendo chegado a ser presidente da Cruzada Feminista de Pernambuco. Tornou-se a primeira eleitora pernambucana. No Instituto Histórico de Vitória de Santo Antão, existem, segundo fui informado pela Fundação Joaquim Nabuco, um busto de Martha e uma pasta só com documentos relativos à escritora. Quando lançado o livro o seu Delírio do nada, foram divulgadas na imprensa, cartas e pronunciamentos de elogios e aplausos à autora, de ilustres intelectuais do Brasil e de Portugal, entre eles figuras eminentes da Academia Pernambucana de Letras, como Carlos Porto Carreiro, Oscar Brandão, Samuel Campelo, João Barreto de Menezes, Mário Melo, Júlio Pires, Carlos Rios, Mauro Mota, Paulino de Andrade. Carlos Porto Carreiro, grande escritor e um dos fundadores da APL, diz em carta à Martha, em 1931: “Martha de Hollanda: o seu livro veio evocar em mim de modo delicioso a última e grata paisagem pernambucana, a cantante alma pernambucana. Muito obrigado.” E ainda: “Martha é... Martha. Tem uma personalidade inconfundível que parece ter nascido firmada. Noto que sob o pessimismo aparente do seu febricitante espírito, desliza a corrente oculta duma preocupação impessoal e muito humana. Tal a impressão que me deixou o volume que me enviou com o maior dos carinhos a respectiva autora. Se o meu avante de animação lhe valesse alguma coisa, deixá-lo-ia, aqui em letras maiúsculas. Estou que pouco lhe aproveitaria a voz de um aposentado das musas. Limito-me a dar os parabéns mais sinceros.” Permito-me sugerir à APL a promoção de uma sessão especial, em homenagem a Martha de Hollanda, com destaque para o notável papel, que essa talentosa escritora representou, como líder do movimento feminista em Pernambuco. E, concluindo, transcrevo um expressivo pensamento da saudosa Martha, que reunia, em sua personalidade, os predicados que valorizam a condição humana: “E o mundo só será, em verdade, obra perfeita de Deus, quando todos os homens, iguais e conscientes, se estreitarem num grande abraço de fraternidade.” ::

Pelópidas Silveira é engenheiro civil e ex-prefeito do Recife.

fonte http://www.enciclopedianordeste.com.br

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Guardar


Procurei lá no céu uma estrela cadente...
Por sorte encontrei a mais diferente...
Guardei-a, para que em um futuro lá na frente...
Eu possa te dar de presente...
E assim iluminar sempre o teu olhar envolvente...
Rosemary Borges Xavier

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A PRACINHA DO DIÁRIO, OUTRORA CORAÇÃO DO RECIFE




Rua que testemunhou importantes fatos históricos nunca mais voltou a ser o centro pulsante da cidade.

Tanta gente apressada,
Tanta mulher bonita;
A tagarelice dos bondes e dos
Automóveis,
Um camelô gritando – alerta!
Algazarra. Seis horas. Os sinos.

Joaquim Cardoso

  Na Ilha de Santo Antonio, onde hoje se situam os bairros de Santo Antonio e de São José, o conde João Mauricio de Nassau- Sieger fez erguer, a partir de 1637, a sua cidade Maurícia, chamada pelos holandeses de Mauritsstad.
  O Novo núcleo veio a ser unido à primitiva povoação do Recife, através de uma longa ponte construída sob a direção do judeu-português Balthazzar da Fonseca e inaugurada em 28 de fevereiro de 1643. As suas ruas obedeciam ao projeto urbanístico do arquiteto holandês Pieter Post (1608-1669), que nele incluíra dois palácios, Friburgo e a casa da Boa Vista, bem como acrescera o prédio da igreja dos calvinistas franceses (hoje Igreja do Espírito Santo).
  A cidade Maurícia tinha por centro o Terreiro dos Coqueiros no qual funcionava o “mercado grande”, onde, no século XVIII, foi instalado um alto poste destinado ao suplicio dos condenados chamado de “pole”. Naquele instrumento de tortura, o supliciado era içado pelas mãos por tirante, tendo aos pés peso de ferro (ou chumbo!), e, depois de atingir certa altura regulamentar, era largado abruptamente, deslocando com tal repuxo boa parte dos ossos de seu corpo..., daí a primitiva denominação de Praça da Pole.
  Quando da administração de D. Tomás José de Melo (1787-1798), foram instaladas, na primitiva Praça da Pole, 62 casinhas destinadas à venda de gêneros de primeira necessidade, substituídas depois por lojas maiores e a conseqüente mudança do nome para Praça da União (1818).
  Somente em 1883 passou a chamar-se de Praça da Independência e, já na primeira metade do século XX, dela foram retirados parte dos prédios que formavam o trecho conhecido por Rua Cabugá; área hoje ocupada pelos jardins da praça, o que permitiu uma melhor visão da igreja matriz de Santo Antonio.
  A Praça da Independência veio a ser popularmente como Pracinha do Diário, por nela estar situado o primitivo prédio do Diário de Pernambuco, cuja redação nele funcionou até o ano de 2005. Fundado em 07 de novembro de 1825, por Antonino José de Miranda Falcão, Diário é em nossos dias o mais antigo jornal da América Latina e o decano da imprensa diária em língua portuguesa.
  Por muito tempo foi esta praça o “coração da cidade, que pulsa aos influxos da religião, da política e dos movimentos populares”. Sobre seu papel no centro da cidade, observa Tadeu Rocha, que “as grandes procissões, os cortejos cívicos, os clubes carnavalescos (o próprio carnaval) e as passeatas estudantis sempre cruzam este logradouro”.
  Dominando a praça, encontra-se a Igreja do Santíssimo Sacramento de Santo Antonio (1753-1790), monumento nacional de visita obrigatória. Para Robert C. Smith, “de todas as grandes igrejas do século XVIII do Recife, nenhuma teve a fortuna de conservar tão bem a aparência como a Matriz de Santo Antonio. Seu frontispício, um dos mais belos do Brasil, ainda se apresenta quase inalterados os traços característicos referidos em antigos documentos”.
  Antes de sua construção, ali existia a “casa da pólvora”, utilizada pelos holandeses, dela restando dois prédios, adquiridos pela Irmandade do Santíssimo Sacramento da Matriz do Corpo Santo, em 1752, para a construção de sua igreja.
  Em 20 de fevereiro de 1791, já com o templo transformado em matriz, sob a denominação de Santíssimo Sacramento de Santo Antonio, foi a nova irmandade nele instalada. O altar-mor em estilo rococó e enriquecido por talhas douradas. Na sacristia, destaca-se o lavabo de mármore que, partindo do solo, atinge o teto do salão. Destaque especial para o Crucificado em marfim (altar-mor), Santo Antonio e pinturas de suas paredes. Com sua fachada apresentando esculturas bem ao gosto do manuelino português, modeladas em arenito dos arrecifes e com seu interior ornado por talhas e imagens setecentistas, este templo é um dos mais bonitos da cidade.
  Ainda na Praça da Independência, no antigo prédio do Diário de Pernambuco, funcionava desde a segunda década do século XX, um sonoro carrilhão considerado uma das atrações do centro de Recife.
  Até então, antes do abandono e do descaso a que foi condenada à Praça da Independência, foi o carrilhão do Diário de Pernambuco o único da cidade de Recife a combinar o badalar do seu campanário com as notas musicais inspiradas nos sinos do Grande Relógio Westminster (Londres).
  Na descrição do jornalista Arnoldo Jambo, escrita em 1975, o hoje desaparecido Carrilhão do Diário, “fez-se original e importante ao Recife... Por anos a fio plangeu ao escorrer das horas recifenses... sob os cuidados do mecânico Manuel João – velho servidor do Diário – ele há muito permanece; tratado carinhosamente, dedicadamente, sentidamente como devem ser olhadas as coisas materiais que se espiritualizam para dar sentido, tradição e vida à história que as cidades curtem e ajudam a curtir no perpassar dos anos”.
  O carrilhão era a nota característica do centro nevrálgico da cidade, merecendo do poeta Mauro Mota os últimos versos do poema Domingo no Recife:

“Assisto ao suicídio do domingo no Recife, o domingo jogando-se da torre do “Diário” na música do carrilhão batendo meia-noite. Receio de entrar na madrugada fria. Recolho na praça as horas despedaçadas. Quero que este domingo seja a antecipação da eternidade”.          

Leonarda Dantas         

          

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O CAPIBARIBE TEM JEITO, SIM!




  No ultimo domingo de janeiro realizei junto com 11 outros companheiros de caminhada domingueira uma excursão de barco por uma boa parte do trecho urbano do Rio Capibaribe no Recife. Saímos às 7h debaixo da Ponte do Limoeiro, onde existe uma comunidade de pescadores, e navegamos em três barcos (chamados por eles de baiteiras) até o Capibar na Rua Tapacurá, atrás da Praça do Monteiro, onde nos esperava a proprietária Dona Socorro, entusiasta da preservação do Rio e responsável pela organização logística do passeio.
  Já tinha feito esse percurso em outros tipos de embarcação, mas desta vez me chamaram a atenção em especial duas coisas: uma a fantástica beleza do Capibaribe urbano vista “por dentro” e, outra, o inacreditável abandono a que está relegando o rio da integração municipal, tudo certamente reforçado pela maior proximidade que ficamos da superfície líquida navegando em barcos pequenos.
  O desmantelo é enorme: incontáveis “bocas” despejando sem cessar esgoto “in natura” no leito indefeso; lixo aos borbotões (o nosso barqueiro teve que parar o motor cinco vezes para retirar sacos plásticos enrolados nas hélices); vegetação crescendo de forma descontrolada e separando a cidade do Rio e vice-versa; margens invadidas por todo o tipo de ocupação irregular; etc., etc.
  O abandono é mais dramático porque, do ponto de vista urbanístico, o Capibaribe é a ultima grande oportunidade, a preços irrisórios, que o Recife tem de recosturar o território municipal, fragmentado por séculos. “Basta” uma via mista para ciclistas e pedestres ao longo das duas margens, do Parque dos Manguezais ao Parque Brennand na Várzea (em torno de 15 km), articulando todos os parques, praças e áreas verdes, com pontes para pedestres e ciclistas ligando os dois lados a intervalos regulares, para que o território se reintegre quase que “por milagre” e a cidade voltar a ter a unidade que perdeu quando passou a dar as costas ao Rio no século 20 (até meados do século 19, as casas que ficavam nas margens tinham suas fachadas principais voltada para o Rio).
  Fátima Brayner, ex-secretária de Ciência & Tecnologia do Estado e especialista em meio ambiente, tem uma frase que acho lapidar: “Todos os dias o Capibaribe é poluído com toneladas de esgoto e o mar se encarrega de despoluí-lo no estuário. O Rio ainda está vivo. Se quisermos, é possível recuperá-lo em menos de uma década.” Em sendo assim, estamos todos os pernambucanos, e os recifenses em particular, desafiados a isso porque dar jeito ao Capibaribe é em grande medida, do ponto de vista urbanístico, dar jeito na organização do território recifense. Vamos lá, afinal, os 500 anos do Recife está aí, batendo na porta!

Francisco Cunha
Consultor e Arquiteto      

*Texto retirado da revista ALGO MAIS a revista de Pernambuco. Na coluna “Última Página”. Pag. 82 de fevereiro de 13.  

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O JAGUNÇO TRAIÇOEIRO




  1925 foi o ano da morte de meu pai. No dia 13 de junho de 1925, eu estava dormindo na casa da minha irmã, na cidade. Cerca de meia-noite, surgiu um tiroteio para as bandas da cadeia pública. Era um tiroteio cerrado que durou cerca de meia hora. No dia seguinte, toda a cidade tomou conhecimento do fato: Pedro Costa soube que alguém da dele havia pegado o Chagas Firino em flagrante com sua empregada da cozinha. Chagas de cor branca e a empregada, Maria Preta, de cor preta. Tomando conhecimento do caso, o chefe político do município, Antonio Correia, mandou chamar a Chagas Firino em sua casa e convenceu-o de que o local mais seguro para ele era a cadeia pública, com guarda policial durante o dia e a noite, e que ele reforçaria a guarda com uns seis ou oito cangaceiros armados. O Chagas aceitou o argumento e trataram de pô-lo em prática.
  Antonio Correia conhecia Pedro Costa e sabia que ele ia se sentir desrespeitado e possivelmente tomaria medidas drásticas. Pedro Costa ficou desesperado quando soube da medida tomada por Antonio Correia. Seguiu para a sua Fazenda Umari, e lá, reuniu um sobrinho, um enteado, um primo e mais oito cangaceiros, com ele formando um grupo de doze homens. Entre eles estava um cangaceiro que sempre foi de Antonio Correia, mas tinha se desgostado por causa de uma prisão feita pela policia. No caminho para a cadeia, um soldado passou a mão no fundo das calças dele e disse: “Deixa ver se ele está brelhado?” João encolheu-se e com uma rasteira e o braço derrubou três soldados. Como era seis soldados, levaram vantagens, deram-lhe umas cacetadas. O nome desse cangaceiro era João Ricardo, era um cangaceiro valente e perverso. Quando saiu da prisão, fugiu da cidade e foi se oferecer a Pero Costa para morar na Fazenda Umari. Pedro Costa aceitou para fazer afronta a Antonio Correia. No dia do plano de Pedro Costa para seqüestrar o Chagas Firino da cadeia, ao se prepararem na Fazenda para seguirem, João Ricardo pediu a Pedro Costa para ir na frente a fim  de tomar a bênção a sua mãe nas proximidades da cidade, onde morava a velha. Pedro Costa consentiu. João Ricardo seguiu de chicote fincado no burro a toda carreira, foi direto para a casa de Antonio Correia e avisou o plano de Pedro Costa. Em minutos, Antonio Correia reuniu cerca de dez cangaceiros, incluindo o próprio João Ricardo, e mandou reforçar a guarda da cadeia.
  Quando Pedro Costa se aproximou uns 100 metros da cadeia, foi recebido à bala, se ocultaram por trás da casa onde morava o pai de Chagas Firino, o velho Chico Firino. Tiroteio durou uma meia hora, o Pedro Costa se convenceu da impossibilidade de vitoria, quebrou a porta da casa do velho Chico Firino e seqüestrou-o seguindo para Arneiroz, nos Inhamuns, onde tinha grande parte de seus parentes, passando antes  no sítio Serrote, onde estava  a Maria Preta já pronta para viajar. Seguiram sem parar aquelas vintes léguas.
  No dia seguinte, meu pai, já acometido de uma congestão ou “ramo” como diziam os camponeses, causada por ele estar dormindo num quarto abafado e se levantou atendendo um chamado de um vizinho, disse a uma pessoa de casa: “Eu estou sentindo uma coisa ruim no corpo”. Quando o dia clareou, foi para a cidade e lá andou fazendo alguma gestões para ver se acalmava aquela situação. Começou demonstrar agitação. Voltou para a casa e constatamos o seu estado de saúde. Já não falava mais certo, tivemos que prendê-lo num quarto e ficar de quatro a cinco homens para impedir que ele saísse correndo. Não se alimentou mais de coisa nenhuma, nem bebeu água. Durou apenas doze dias e morreu  de fome e sede, com a casa cheia de mantimento.
   Durante a sua doença, apareceu um político e parente dos Inhamuns, Antonio Colô, o qual pertencia à mesma corrente política no Estado a que pertencia Antonio Correia. Vinha tentar uma reacomodação para Pedro Costa voltar, visto que não tinha cabimento continuar mantendo Chico Firino como refém para trocar pelo filho Chagas, a fim de casá-lo com Maria Preta. Antonio Correia disse àquele seu correligionário que o Pedro Costa podia voltar trazendo o velho Firino, que nada lhe aconteceria. Era 25 de junho de 25.
  Havia na cidade um farmacêutico prático muito entendido. Chamava-se Raimundo Siebra e tinha um filho que era igual a ele, Jorge, que vivia curando doentes por todo município. Morava em sua fazenda – Fortuna – mas demorava temporada na casa de seu pai na cidade. Era um político agitado, como Pedro Costa, e também adversário do Antonio Correia, ao ponto de João Ricardo juntar-se ao a um irmão e outro rapaz e seguirem em direção à Fortuna, disposto a matar Jorge Siebra. Chegaram no Sanharol, no dito sitiozinho de meu pai, à  meia-noite, quando começou uma chuva fina. Os três bandidos saíram da estrada e se encostaram no alpendre da casa de Antonio Preto. Este estava acordado, levantou-se e ficou junto da porta escutando aquela conversa dos homens estranhos. Um deles insistia em perguntar para onde iam e o que iam fazer. Diante da insistência, um que parecia ser o chefe dos outros, respondeu que logo adiante ele saberia de toda empreitada. Saíram pela estrada do Iputi.
  Chegando no sítio São Vicente, o João Ricardo convidou para irem fazer um trabalho naquela casa grande, dizia ele. A casa era do padrinho de Chico Vara Seca. O rapaz que ia acompanhando sem saber de nada foi logo indagando: o que vamos fazer aí? Os cachorros já estavam alarmando e o dono da casa já estava encostado na porta com uma espingarda na mão escutando aquele movimento estranho. João Ricardo respondeu: “Aqui vamos assaltar e roubar e na frente  vamos para a Fortuna matar Jorge Siebra, é isso o que você quer saber?” Chico Vara Seca respondeu exaltado dizendo que “nessa casa mora meu padrinho Francisquinho Bezerra e eu tomo a defesa dele como também não foi ajudar a matar Jorge Siebra, que ele é um homem muito bom para os pobres”, e foi se preparando para reagir, mas o chefe do grupo, João Ricardo, mais ágil, sacou do rifle e disparou, matando o Chico Vara Seca e convidando o segundo rapaz, que era seu irmão Doca Ricardo, para se afastarem de repente daquela casa, sabia que o dono da casa naquelas alturas já estava preparado para reagir e como estava dentro de casa, contava com vantagem. Assim desistiu do assalto e voltou para Várzea Alegre, deixando o companheiro morto no terreiro do Francisquinho Bezerra, que já tinha reconhecido ele e o seu irmão Doca. A justiça processou-o e condenou-o. Ficou cumprindo a sentença passando o dia pela calçada da cadeia pública contando anedotas e à noite indo dormir em sua casa. Em Várzea Alegre há uma festa de igreja muito animada do padroeiro São Raimundo Nonato, começando no dia 21 de agosto de cada ano e terminando dia 31 do mesmo mês. No mesmo ano de 1925, já no terceiro ou quarto dia da festa, meia-noite, os vizinhos de João Ricardo acordaram por gritos dele acompanhado de disparos de rifles. Saiu para fora de casa gritando: “eu te mato, cabra safado.”
  Quando o dia clareou na manhã seguinte, se espalhou a noticia: “mataram a mulher de João Ricardo e feriram ele em dois lugares”. Mais tarde surge o escândalo. João Ricardo, ferido no couro da barriga e no dedo indicador esquerdo, acusou Pedro Costa e Jorge Siebra de terem ido lhe matar e como não puderam, mataram a sua mulher. O incrível aconteceu. O delegado mandou prender Pedro Costa e Jorge Siebra. Durante a festa da igreja receberam muitas visitas de solidariedade.
  Não foi difícil para o advogado e o promotor público descobrirem que os ferimentos de João Ricardo tinham sido feito por ele mesmo, que depois de matar  sua própria mulher, continuou atirando e gritando. Para forjar ter sido ferido, o astuto bandido pegou o couro da barriga do lado esquerdo, puxou-o bem com os dedos polegar e indicador e com a mão direita encostou a boca do rifle e disparou. Não teve a lembrança de defender o dedo indicador que estava por baixo e o mesmo foi atingido pela bala.
  Provado isto, foram soltos Jorge Siebra e Pedro Costa. Jorge Siebra foi para a fazenda e no dia 10 de novembro de 1926 estava numa trincheira defendendo a farmácia de seu pai e a própria cidade em companhia de uns cinco moradores da fazenda e seu cunhado Joaquim Ferreira Lima. Deram prova de coragem porque, sentindo-se isolados do combate, seguiram em procura da casa de Dr. Serra, mesmo sem serem chamados como os dois camponeses que foram até a casa do Dr. Serra. Quando chegaram na trincheira do Marinheiro, onde estava Zé Leandro, este avisou-os das medidas tomadas. Como o combate já tinha se encerrado, ficaram ali mesmo até o amanhecer. 

  José Leandro
             do seu livro "Depoimentos" 1988 Pag. 25 a 28

domingo, 17 de fevereiro de 2013

CAMARÃO A TERMIDOR


 Ingredientes
6 unidades de camarão grande 80 gramas de palmito de pupunha Palmeiron 1 batata 5 gramas de alcaparras Gotinhas de limão siciliano 50 gramas de manteiga sem sal Pimenta do Reino moída na hora
 Modo de preparo
 Temperar o camarão com sal e pimenta a gosto, aquecer 20 gramas de manteiga, saltear o camarão na manteiga Por aproximadamente 2 minutos, acrescentar as gotinhas do limão siciliano, acrescentar a alcaparra, os 30 gramas restantes da manteiga, o palmito de pupunha Palmeiron e, finalmente, a batata. Rendimento Prato para uma pessoa
 Dica do chef
Para manter uma textura macia e firme na batata cozida, aqueça a água até ferver, tempere a água com caldo base de galinha e dê um leve toque de vinagre, o principal responsável por este resultado.

Liberato Pereira

A ESPERA


Como é cansativo esperar
Isso falo com razão
É um teste de paciência
pra qualquer cidadão
uma demora infinda
E digo mais ainda
É uma grande amargação

se é num banco
A fila é muito grande
O povo fica exaustivo
E o alarde se expande
E pelo jeito que está
A fila não vai andar
Mas talvez ela ande

Alguém marca com você
E lhe manda esperar
você tranquilo fica no aguardo
Esse alguém chegar
Mais ele assim demora
E você não ver a hora
dele se aproximar

O ser humano em geral
Não foi feito pra esperar
Seja fila de hospital, cinema
Banco ou qualquer lugar
Fica muito desesperado
Isso é muito complicado
É mesmo de amargar.

Israel Batista  

sábado, 16 de fevereiro de 2013

SEMENTE DE ILUSÃO


PLANTEI DUAS SEMENTES
NA MINHA IMAGINAÇÃO
NASCEU UM PE DE NADA 
E OUTRO DE ILUSÃO.

O PÉ DE NADA
NÃO DAVA NEM SOMBRA
MAS O QUE ME ASSOMBRA 
É O PÉ DE ILUSÃO.

ESSE PÉ DE ILUSÃO
É IGUAL A CIGANA
QUE MUITO ME ENGANA
QUANDO LER A MÃO

ESSE PÉ DE ILUSÃO
SÓ ME FALOU MENTIRAS
MAS NÃO SE RETIRA
DO MEU MUNDO NÃO

ESSE PÉ DE ILUSÃO
NUNCA ME FEZ FELIZ
MAS JÁ FINCOU RAIZ
DENTRO DO CORAÇÃO.

POR FALTA
DE BOA SEMENTE
MUITAS VEZES A GENTE
PERDE A PLANTAÇÃO

MAS AS VEZES
UMA SEMENTE MAL PLANTADA
GERA SAUDADE DANADA
NO JARDIM DA SOLIDÃO.


Tibúrcio Bezerra

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

CÂNCER DE PRÓSTATA




1-       OQUE É PRÓSTATA?

  A próstata é uma pequena glândula que só os homens possuem. Ela tem o tamanho aproximado de uma castanha e está localizada logo abaixo da bexiga, na parte inicial da uretra. Sua função principal é colaborar com a reprodução humana, produzindo substancias que sairão juntamente com o esperma e vão permitir os espermatozóides sobreviverem e atingir o óvulo feminino.

2-      QUAIS SÃO AS DOENÇAS DE PRÓSTATA?

 A próstata pode ser acometida por diversas doenças. Entre essas, as mais comuns são as infecções (prostatites), o crescimento benigno (hiperplasia) e os tumores malignos (câncer).

3-      QUAIS SÃO OS SINTOMAS DO CÂNCER DE PRÓSTATA?

 Em muitos homens, o câncer de próstata é totalmente assintomático, já outros homens com câncer de próstata têm sintomas muito semelhantes aos do crescimento benigno. Dessa forma, os exames de rotina são fundamentais para o diagnóstico precoce, e para o início do tratamento em busca da cura dessa doença. Sendo assim. É muito importante que todos os homens após os 45 anos iniciem seus exames preventivos para avaliar a próstata.

4-      DE QUE FORMA O HOMEM DEVE PROCEDER PARA SE PREVENIR DO CÂNCER DE PRÓSTATA?

A partir dos 45 anos, todo homem deve procurar um médico urologista anualmente para fazer uma avaliação da próstata, ainda que esteja se sentindo bem e não tenha histórico de câncer na família. Essa avaliação consiste no toque retal – um exame indolor que permite ao médico identificar possíveis lesões na região.
 Além disso, a Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que nessa faixa etária, todo homem realize, também, um exame de sangue para dosar o Antígeno Prostático Específico (PSA), substância que quando elevada, pode indicar problemas na próstata.

5-      E QUEM TEM HISTÓRIA DE CÂNCER DE PRÓSTATA NA FAMÍLIA?

 Para homens que têm antecedentes familiares de câncer de próstata, a prevenção deve começar mais cedo, aos 40 anos, devendo incluir o toque retal e a dosagem PSA no sangue, anualmente. O mesmo vale para homens da raça negra. Grupo no qual há uma incidência maior do câncer de próstata.

6-      SE OS RESULTADOS DOS EXAMES PREVENTIVOS FOREM ALTERADOS, O DIAGNÓSTICO DE CÂNCER JÁ FICA CONFIRMADO?

Não, para a confirmação, seu médico irá solicitar uma biópsia transretal da próstata guiada pela ultrassonografia.
   
7-      COMO SÃO ESSAS BIÓPSIAS?

 Essas biópsias consistem na retirada de minúsculos fragmentos da próstata com uma agulha, para a análise de suas alterações.

8-      E A ULTRASSONOGRAFIA TRANSRETAL?

 É realizada com uma sonda em forma de bastão, protegida por um preservativo, que é introduzida no reto do paciente. Para a realização da biópsia, uma agulha é acoplada à sonda, de forma que possa extrair pequenos fragmentos da próstata. Para evitar a dor, a região é anestesiada antes da realização do exame.

9-      PREVINA-SE CONTRA O CÂNCER DE PRÓSTATA

 Atualmente, o câncer de próstata já é o terceiro tumor maligno mais diagnosticado no Brasil e o quinto que mais mata. Como a doença não provoca sintomas em sua fase inicial, o Instituto Nacional do Câncer e a Sociedade Brasileira de Urologia recomendam que todo homem, a partir dos 45 anos, faça uma avaliação clínica anualmente, uma vez que com a detecção precoce, esse tipo de câncer tem grande chance de cura.

Texto extraído do panfleto informativo do laboratório DERBIMAGEM Unidade de Diagnostico Médico de Recife    


   
   

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

PEDRO TONHEIRO




  Um homem muito conhecido na Várzea Alegre. Que conseguiu adquiri o respeito da população, e que foi lhes dado o cargo de delegado desse município. Pedro Tonheiro segundo os escritos do médico escritor José Ferreira, ele assim descreveu o nosso Pedro Tonheiro. “Alto, forte, pletórico, cabelo à escovinha, com predominância de brancos, fisionomia serena e agradável, onde podia surgir um riso à Mona Lisa, mais preso do que livre. Talvez, sem que o desejasse, conhecia a vida de todo vivente varzealegrense e das redondezas, possivelmente!” Assim escreveu sobre essa pessoa, e que foi uma realidade. Pois, Pedro Tonheiro com sua integridade não foi a toa que seu nome foi indicado na época para ser delegado.   
  Pedro Ferreira de Sousa, filho de Antonio Ferreira de Sousa (seu Tonheiro) e Antonia Sobreira Lima. Casado com Isabel Ferreira de Sousa com ela teve onze filhos, que lhes deu uma grande geração, e seu nome ficou perpetuado na memória dos filhos, e dos netos que o conheceu. Pedro Tonheiro é mais um nome na galeria dos imortais de Várzea Alegre, seu nome ficou na história, não na história escrita pela população, mas na história oral, pois como disse a escritora cearense Soraia Colaço “A nossa herança oral é muito rica, entretanto efêmera”. Isso é uma verdade, resta apenas nós documentarmos essas oralidades para que a história seja construída. Pedro Tonheiro para os novos é esquecido, mas com esse meu escrito, quero que as pessoas venham conhecer a sua pessoa e a importância dele, para o município no seu tempo, que cada um de nós vai construindo sua história e dando uma parcela de contribuição na história do município.
 Pedro Tonheiro passou pelo mundo dos viventes, construiu a sua história e creio que agora descansa em paz. Quem conheceu Pedro Tonheiro, derramou uma lágrima de saudades, e sabe da sua importância para Várzea Alegre. Já era tempo de Várzea Alegre criar uma galeria, aonde pusesse as fotos dessas pessoas que fizeram parte da construção desse município, creio veemente que a foto de nosso Pedro Tonheiro estaria lá estampada, como um reconhecimento pelo o que ele fez em vida. Descanse em Paz velho amigo, que estou aqui para reconhecer o teu valor.

Israel Batista

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

ANIETE FERREIRA UMA MULHER ALTRUÍSTA




  Como é prazeroso falar de Ana Ferreira Rolim, que todos conhecem carinhosamente por dona Aniete. Uma mulher altruísta que doou um terço de sua vida a educação, foi uma eximia educadora, onde todos que foram seus alunos o têm o maior respeito, e preza-lhe uma gratidão por ela ter passado seus conhecimentos educacionais. Na época em que o Francês fazia parte do currículo escolar, Dona Aniete se dispôs a ensinar essa disciplina, e muitos dos seus alunos hoje, sentem a alegria de dizer que viu e sabe de francês dependem dela, foi na sua aula. Ela no ano de 1981ela foi diretora interinamente da Escola José Correia Lima substituindo Leonarda Bezerra do Vale (Dadá Piau), sendo que no ano de 83 foi eleita diretora desse estabelecimento escolar, até o ano de 1986. Sendo uma das diretoras que passaram nessa escola que mais deixou saudades.
  Como esposa, Dona Aniete deu exemplo para a sociedade como se deve ser uma dona de casa e esposa, como mãe, ela desempenhou um papel digno, seus filhos hoje são grandes cidadãos de bem, respeitados por todos. Dona Aniete é uma mulher que gosta de ajudar aos que precisa de sua ajuda, ela não encontra barreiras e nem empecilhos para prestar o seu auxilio aos que necessitam de sua ajuda.
  Dona Aniete também é uma pessoa muito religiosa, sempre vai a igreja falar com o Senhor, ela é Ministra da Eucaristia, e também faz parte do Apostolado da Oração, creio que ela é essa mulher forte, por causa da oração, pois a oração move montanhas, e ela tira um dia da semana, para ir a igreja falar com o Senhor. Aniete ferreira é uma pessoa, que Várzea Alegre não pode e jamais poderá esquecer, pois ela escreveu o seu nome na história da educação desse município. A escola José Correia Lima já prestou uma homenagem a essa baluarte da educação, a biblioteca dessa escola, lugar de conhecimento e de lazer, recebe o seu nome. “Biblioteca Ana Ferreira Rolim” creio ser justa essa homenagem, pois ela fez muito pela educação dessa escola, assim sendo, seu nome será sempre visto pelos educandos e professores futuros que forem adentrando nessa escola.
  Dona Ana Ferreira Rolim, filha de Vicente Ferreira Lima e Clara Leandro Bezerra, casada com Francisco Rolim de morais, tendo com ele quatro filhos Franciana, Fabrício, Francisco Junior e Tiago, desses filhos só o Tiago é solteiro e ainda não lhes deu netos. Vive na cidade de Várzea Alegre, dividida nas suas duas casas, durante o dia no Bairro Grossos e a noitinha vindo a cidade dormir na sua casa ao lado da matriz de São Raimundo Nonato. Assim é Aniete uma mulher com um coração de ouro, que derruba o mais duro coração. Quem conheceu Aniete sabe do que estou falando, que não estou fantasiando esses escritos, sabem até que eu não disse tudo que era pra ser falado dessa pessoa que nos dar tanto orgulho, de viver no torrão varzealegrense.

Israel Batista
   

QUARTA-FEIRA DE CINZAS



A quarta-feira de cinzas é o primeiro dia da Quaresma no calendário cristão ocidental. As cinzas que os cristãos católicos recebem neste dia são um símbolo para a reflexão sobre o dever da conversão, da mudança de vida, recordando a passageira, transitória, efêmera fragilidade da vida humana, sujeita à morte. Ela ocorre quarenta dias antes da Páscoa sem contar os domingos ou quarenta e seis dias contando os domingos. Seu posicionamento no calendário varia a cada ano, dependendo da data da Páscoa. A data pode variar do começo de fevereiro até à segunda semana de março. Alguns cristãos tratam a quarta-feira de cinzas como um dia para se lembrar a mortalidade. Missas são realizadas tradicionalmente nesse dia nas quais os participantes são abençoados com cinzas pelo padre que preside à cerimônia  O padre marca a testa de cada celebrante com cinzas, deixando uma marca que o cristão normalmente deixa em sua testa até ao pôr do sol, antes de lavá-la. Esse simbolismo relembra a antiga tradição do Médio Oriente de jogar cinzas sobre a cabeça como símbolo de arrependimento perante Deus (como relatado diversas vezes na Bíblia). No Catolicismo Romano é um dia de jejum e abstinência. Como é o primeiro dia da Quaresma, ele ocorre um dia após do carnaval. A Igreja Ortodoxa não observa a quarta-feira de cinzas, começando a quaresma já na segunda-feira anterior a ela.

Fonte: Wikipédia