quarta-feira, 21 de julho de 2010

PERDIDO NO TEMPO



Nada é mais lindo do que o despontar da aurora
Nos dias em que os meus olhos voam
Têm asas os primeiros sentires
No acordar com estes sinos que entoam

Sonhei que as estrelas se alinhavam
O celeste ficou cheio de formas estranhas
Contei tantas coisas que me ditou a razão
Descobri mil luzeiros de formas tamanhas

Descobri que a Lua sorria de desdém
Ao falso amor de paixão crua
Descobri que na volta do Sol
A cor volta com ele à minha rua

Volta também uma gargalhada de criança
O cheiro a farinha transformada em pão
Uma mulher que oferece o leite morno do seu peito
Adocicado pelo seu terno coração

Vi a nudez da alma em pés descalços
Vi um louco fugir à razão
Vi o engano despertar no Mundo
Vi a felicidade perdida no chão

Fechei os olhos para não ver mais
Continuei vendo ainda mais claro
Vi-me rodeado por gente sem rosto
Que me olhavam como um bicho raro

Pelos ouvidos entraram as cores
As notas de uma sinfonia encheram-me os olhos
Uma aguaceiro surgiu do nada
No céu as nuvens juntaram-se aos molhos

No meio de toda a confusão
Pareceu-me ver um anjo aflito
Despertei desta loucura toda
Quando uma gaivota soltou um grito

Retirei o orvalho do rosto
Ordenei aos sentidos que tivessem calma
Como não tenho mão neles
Lá teve que me valer a alma

Caminhei, caminhante galgando mais um dia
Parei e olhei à minha volta por um momento
Esta bruma que volta sempre atrás do dia
Deixou-me...Perdido no Tempo...

PUBLICADA POR O PROFETA

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