AQUELE RETRATO

O caminhão de mudança partiu, mas Jackie resolveu ficar um pouco mais.
Pepi, seu cãozinho, ficou para lhe fazer companhia.
Aliás há três meses ele tinha sido sua única companhia...
Desde que Ivan se fora a casa estava vazia.
Sua alma estava vazia...
Pegou a única coisa que não deixou o caminhão levar: a caixa de fotografias!
Sentou-se no meio da sala e começou a procurar aquele retrato!
Precisava encontrar!
Estava esquecendo o rosto dele, o sabor do seu beijo...Jackie simplesmente não queria esquecer!
Tinha jogado fora muitas coisas dele,mas não poderia ter se desfeito daquele retrato!
Era especial demais!
― “Não... eu não tive coragem!”― ela falou consigo mesmo.
Começou a ficar aflita!
Espalhou as fotos pelo chão.
Olhou para seu cão e conversou com ele:
― Pepi, onde está, meu amigo? Onde está aquele retrato?
O cachorro latia em resposta.
De repente ela encontra, no fundo da caixa.
― Ivan...que saudade do seu beijo! ― falou,observando os detalhes de uma velha foto onde ela e Ivan se beijavam.
Lembrou de tudo naquele dia.
Voltou no tempo: o parque, a brisa, o sorriso dele,o rosto, o olhar, o cheiro, o sabor do beijo cheio de paixão.
Uma lagrima não se conteve e caiu.
Juntando os retratos de volta na caixa, Jackie se foi para a nova casa, nova vida.
Pela última vez olhou a sala vazia e saiu.
Não viu que Ivan estava ali, no meio da sala e dizia baixinho:
― “Adeus, meu amor!”

( Anne Lieri)

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