quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

JOSÉ WILKER


Esteja onde estiver, o diretor da Rádio Clube de Pernambuco que, em 1960, reprovou o adolescente José Wilker Almeida em um teste para locutor vai sentir um baita orgulho ao saber que o lourinho cearense que descartou está a um passo de dirigir seu primeiro longa-metragem - além de ter se tornado um dos maiores atores do Brasil. Em outubro, aquele ex-garotão de 13 anos. Seu desempenho como o pistoleiro arrependido Zeca Diabo o transformou em um ímã de elogios no último Cine-PE, em Recife, mesmo lugar onde a reprovação da rádio abriu-lhe as portas para a arte de interpretar.

- Fiz o teste com Evandro Vasconcelos lá na Rádio Clube de Pernambuco. Alternava os graves e agudos de todo adolescente que está mudando de voz. Mas o Evandro ficou tão chateado por ter me reprovado que virou para mim e disse: "Olha, tem vaga para ator. Você quer tentar?" Aí eu virei ator. Fiz um cobrador em "Um bonde chamado desejo", com a Heloísa Helena como Blanche DuBois; fui um transeunte em "O diário de Anne Frank"; e levei um soco no seriado "O gavião". Ah: eu também fui o parada, aquele cara que entrega objetos para os artistas no picadeiro, no "Cirquinho na TV", no qual entrava em cena vestido de palhaço. Saí dali para fazer teatro no MCP (Movimento de Cultura Popular, que usava arte para promover alfabetização) e não parei - lembra Wilker, que trabalhou em 58 filmes, de "A falecida" (1965) a "O bem amado" (2010).
Entre os longas de que participou está o maior fenômeno de bilheteria da história do cinema brasileiro: "Dona Flor e seus dois maridos" (1976), visto por 12 milhões de pagantes.

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