Biografia
Sérgio Moraes Sampaio (Cachoeiro de Itapemirim, 13 de abril de 1947 — Rio de Janeiro, 15 de maio de 1994) foi um cantor e compositor brasileiro. Suas composições variam por vários estilos musicais, indo do samba e choro, ao rock'n roll, blues e balada.[1] Sobre a poética de suas composições, em que se vê elementos de Kafka e Augusto dos Anjos, que lia e apreciava,[2]
declarou num estudo Jorge Luiz do Nascimento: "A paisagem urbana em
geral, e a carioca em particular, na poética de Sérgio Sampaio, possui a
fúria modernista.
Porém, o espelho futurista já é um retrovisor, e o que o presente
reflete é a impossibilidade de assimilação de todos os índices e ícones
da paisagem urbana contemporânea."[3]
No dizer do cantor Lenine, Sampaio foi um nome marginalizado que equipara a Tim Maia e Raul Seixas, como um dos "malditos" da música popular brasileira.
Filho de Raul Gonçalves Sampaio, dono de uma
tamancaria e maestro de banda, e de Maria de Lourdes Moraes, professora primária, era primo do compositor
Raul Sampaio Cocco, autor de sucessos na voz do conterrâneo
Roberto Carlos. Ali assistiu o pai compor a canção "Cala a boca, Zebedeu", quando tinha 16 anos e que veio a gravar mais tarde.
[4]
Tocando violão, era um artista nato que buscava mostrar seus trabalhos -
"Ele estava sempre sedento para mostrar suas músicas, precisava de uma
orelha e nunca fez doce para tocar", como registrou seu primo João
Moraes.
[1]
Aficcionado pelos programas de
rádio, onde acompanhava os cantores da época como
Orlando Silva,
Sílvio Caldas ou
Nelson Gonçalves, que o inspiravam, veio a tornar-se imitador de
radialistas como
Luiz Jatobá e Saint-Clair Lopes, conseguindo trabalho numa emissora da cidade natal, a XYL-9. Em
1964 tentou trabalhar no
Rio de Janeiro na
Rádio Relógio, retornando após quatro meses.
[4]
Em fins de
1967 muda-se definitivamente para o Rio, inicialmente para tentar a carreira como radialista
[4],
embora não tenha conseguido firmar-se em nenhum trabalho por frequentar
a vida boêmia carioca, atraído pela música e a bebida; mora em pensões
baratas e até na rua, chegando a mendigar comida.
[2][5]
Sergio tinha passado a cantar à noite, em bares, até que em fevereiro de
1970 demite-se da Rádio Continental para dedicar-se integralmente à música. Candidata-se no
Festival Fluminense da Canção, etapa do
Festival Internacional da Canção (III FIC) daquele ano, ficando entre os vinte finalistas com a música "
Hei, você".
[5]
No Rio de Janeiro conhece o baiano
Raul Seixas, então
produtor musical da gravadora CBS (atual
Sony Music), dando início a uma longa amizade e parceria.
[2] Raul é considerado o "descobridor" do artista.
[2] Após ter feito um teste junto ao parceiro de
Paulo Diniz, Odibar, acabou contratado no lugar deste, no ano seguinte, participando de diversas gravações, como parte do coro de
Renato e seus Blue Caps.
[5]
Assina, com o
pseudônimo de
Sérgio Augusto, a letra da canção "
Sol 40 graus", gravada pelo
Trio Ternura e que foi sucesso em 1971. O Trio gravou outras de suas composições, como "
Vê se dá um jeito nisso" - uma parceria com
Raulzito, com quem partilhou também "
Amei você um pouco demais", gravada por
José Roberto. Raul produz seu primeiro
compacto em que Sergio experimenta algum sucesso com "
Coco Verde", logo regravada por
Dóris Monteiro.
[5]
Volta a Cachoeiro em julho, onde participa do "
II Festival de MPB",
vencendo em primeiro lugar e ocupando também a quarta colocação. Dá
início com Raul Seixas à produção de um projeto de ópera-rock, que tem
as letras mutiladas pela
censura do
Regime Militar. Apesar disto as canções integram o primeiro disco de Raul Seixas:
Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das Dez, em que participam
Míriam Batucada e
Edy Star.
[5]
Tenta mais uma vez vencer a quarta edição do FIC, no
Maracanãzinho, com a música "
No Ano 83", sendo eliminado na etapa inicial.
[5]
Começa a gravar, finalmente, em
1972, ano em que sua canção "
Eu quero é botar meu bloco na rua"
participa do IV FIC e integra um compacto do Festival, que graças a ela
vende 500 mil cópias, tornando-se sucesso no carnaval de
1973, e rendendo a Sergio o
Troféu Imprensa como revelação de '72, na
Rede Globo, emissora em que trabalhava o apresentador
Silvio Santos.
[5]
Em 1973 lança seu primeiro
LP pela
Philips,
produzido por Raul e com o nome da canção de sucesso, com vários
músicos de renome; o disco fracassa nas vendas, apesar da sua aparição
em programas de televisão e da boa execução de canções como "
Cala a boca, Zebedeu", de seu pai, nas rádios.
[5]
Casou-se em
1974 com a também capixaba Maria Verônica Martins, afastando-se da carreira por algum tempo; o casamento durou até o final da
década.
[4] Tinha lançado, neste ano, com produção de
Roberto Menescal, um compacto em que contraditoriamente reverencia e critica o conterrâneo Roberto Carlos.
[5]
Em
1975 lança, agora pela
gravadora Continental,
outro compacto. No ano seguinte grava seu segundo LP, chamado "Tem que
acontecer", e que conta com participações de artistas como
Altamiro Carrilho e
Abel Ferreira.
Em 1977 mais um compacto pela Continental - "Ninguém vive por mim",
último por essa gravadora. Realiza shows e tem composições gravadas por
artistas como
Zizi Possi,
Marcos Moran e
Erasmo Carlos, ficando cinco anos longe dos estúdios.
[5]
Novamente se casa em
1981, com a arquiteta Ângela Breitschaft, com quem teve o filho João, afilhado de
Xangai, separando-se em
1986.
[4] A família da esposa patrocinara, em 1982, a gravação do compacto "
Sinceramente", sem gravadora.
[5]
Completamente afastado da mídia, após a separação volta para a casa
paterna e em seguida para o Rio. A carreira só experimenta um recomeço
quando se muda, no começo da
década de 1990 para a
Bahia, quando velhos sucessos são novamente lançados por
Elba Ramalho,
Luiz Melodia,
Roupa Nova e outros. Em
1994 acerta com a gravadora
Baratos Afins
o lançamento de um disco com músicas inéditas, mas por consequência da
vida desregrada, falece de pancreatite antes de concretizar o projeto.
[5]
Homenagens
Ainda em 1975 tem um
curta-metragem
sobre sua vida exibido no Rio de Janeiro. Diversas homenagens ocorreram
ao longo do tempo, em memória do artista, dos quais se destacam:
[5]
- Show "Balaio do Sampaio" - 1996, Rio de Janeiro, com cantores como Alceu Valença, Jards Macalé e outros, e poetas e músicos como Chico Caruso, Euclides Amaral, etc.
- CD "Balaio do Sampaio" - 1996.
- "Eu quero é botar meu bloco na rua" - 2000, biografia autorizada, por Rodrigo Moreira, Editora Muiraquitã
- CD póstumo "Cruel" - 2005, lançado por Zeca Baleiro
- "Velho bandido - O bloco de Sérgio Sampaio" - 2009, peça musical apresentada no Teatro de Arena.
- CD "Hoje Não!" - 2009, 12 canções do Sérgio Sampaio (sendo uma delas inédita) interpretadas por Juliano Gauche & Duo Zebedeu.
Discografia
Álbuns
- Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua (LP, Philips, 1973)
(reeditado como CD em 2001 pela Mercury/Universal Music, sob número 73145429932)
- Leros e Leros e Boleros
- Filme de Terror
- Cala a Boca, Zebedeu (Raul Sampaio)
- Pobre Meu Pai
- Labirintos Negros
- Eu Sou Aquele que Disse
- Viajei de Trem com participação de Raul Seixas
- Não Tenha Medo, não
- Dona Maria de Lourdes
- Odete
- Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua
- Raulzito Seixas
- Tem que Acontecer (LP, Continental, 1976, reeditado em CD pela Warner Music em 2002)
- Até Outro Dia
- Que Loucura
- Cada Lugar na Sua Coisa
- Cabras Pastando
- Velho Bode (Sérgio Sampaio/Sérgio Natureza)
- O que Pintá, Pintô
- A Luz e a Semente
- Quanto Mais
- Tem que Acontecer
- O Filho do Ovo
- Velho Bandido
- O Teto da Minha Casa
- Ninguém Vive por Mim
- Quatro Paredes
- Sinceramente (LP, 1982)
- Homem de Trinta
- Na Captura
- Tolo Fui Eu
- Só para o Seu Coração
- Essa Tal de Mentira
- Meu Filho, Minha Filha
- Cabra cega (S. Sampaio/S. Natureza)
- Sinceramente
- Nem assim
- Doce Melodia
- Faixa Seis
- Cruel (CD, 2006)
- Em Nome de Deus
- Roda Morta (Reflexões de um Executivo) (S. Sampaio/S. Natureza)
- Polícia Bandido Cachorro Dentista
- Brasília
- Magia Pura
- Rosa Púrpura de Cubatão
- Muito além do Jardim
- Real Beleza
- Pavio do Destino
- Quero Encontrar um Amor
- Quem É do Amor
- Cruel
- Uma Quase Mulher
- Maiúsculo
Antologias e participações
- Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10 (LP, CBS, 1971)
(reeditado em CD pela Sony Music em 2010) (com
Raul Seixas,
Miriam Batucada e
Edy Star)
- Êta Vida (com Raul Seixas)
- Eu Vou Botar pra Ferver (com Raul Seixas)
- Eu Acho Graça
- Chorinho Inconsequente (com Erivaldo Santos)
- Quero Ir (com Raul Seixas)
- Todo Mundo Está Feliz
- Eu não Quero Dizer Nada
- Carnaval Chegou (LP, 1972)
(Philips, 6349.058)
- Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua (primeira gravação)
- Phono 73 (LP, 1973)
(Philips)
- Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua (ao vivo)
- Convocação geral nº 2 (LP, 1975)
(Som Livre)
- Balaio do Sampaio (CD, 1998)
(MZA/Polygram)
- Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua - Sérgio Sampaio
- Em Nome de Deus - Chico César
- Feminino Coração de Deus - Erasmo Carlos
- Rosa Púrpura de Cubatão - João Bosco
- Tem que Acontecer - Zeca Baleiro
- Meu Pobre Blues - Zizi Possi
- Pavio do Destino - Lenine
- Até Outro Dia - João Nogueira
- Velho Bode - Eduardo Dusek
- Que Loucura - Renato Piau
- Velho Bandido - Jards Macalé
- Cala a Boca, Zebedeu - Luiz Melodia
- Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua - Elba Ramalho
- Sergio Sampaio (CD, 2002)
(Série Warner 25 Anos)
- Até Outro Dia
- Que Loucura
- Cada Lugar na Sua Coisa
- Cabras Pastando
- Velho Bode
- O Que Pintá, Pintô
- A Luz e a Semente
- Quanto Mais
- Tem que Acontecer
- O Filho do Ovo
- Velho Bandido
- O Teto da Minha Casa
- Ninguém Vive por Mim
- Quatro Paredes
Compactos simples
- Coco verde/Ana Juan (1971) CBS
- Classificados nº 1/Não adianta com participação de Raul Seixas (1972) 33745
- Eu quero é botar meu bloco na rua (1972) Phillips/Phonogram
- Meu pobre blues/Foi ela (1974) 6069 090
- Velho bandido/O teto da minha casa (1975) 1-01-101-155
- Ninguém vive por mim/História de boêmio (Um abraço em Nélson Gonçalves) (1977) 101-101-264
Videografia
fonte Wikipédia