terça-feira, 2 de agosto de 2011

DESCALÇA VAI PARA A FONTE


Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.

Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina esrlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.

Descobre a touca a graganta,
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai Fermosa e não segura.

Camões

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