No início do século passado, continuando oligarquia iniciada por sua avó Fidelarina, o coronel Raimundo Augusto Lima comandou por várias décadas a política da cidade cearense de Lavras da Mangabeira.
Por enfrentar a poderosa Coluna Prestes e o temido bando do cangaceiro Lampião, o chefe político se tornou ainda mais temido e respeitado pelo povo de Lavras da Mangabeira. Suas demonstrações de coragem e disposição atravessaram os limites do seu município e sua fama se espalhou pelo sertão cearense. Muitas passagens não possuem comprovação histórica mas habitam o imaginário popular.
Contam que, na véspera das eleições, Raimundo Augusto recolhia os títulos e votava por seus empregados. Certa vez, na década de trinta, após mais um escrutínio, o político devolvia os documentos dos moradores de sua fazenda quando um dos agricultores indagou:
- Coroné, nós queria saber pra quem nós votamo...
O poderoso chefe político não respondeu, apenas abriu um pouco o paletó e pôs à mostra o coldre do seu temido e implacável revólver. Imediatamente, o modesto empregado recuou:
- Me adesculpa, Coroné. Tinha mesquecido que o voto agora é secreto, né ?
Contado por Flávio Cavalcante
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