quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A BURRINHA GASOLINA


Este fato ocorreu
Com garoto adolescente
Fedelho muito precoce
Namorador pertinente
Sem mesmo entender a vida
Imaginou fazer gente.

Numa noite de domingo
Teve idéia original:
- Vou roubar a namorada
E levar pro matagal
Imitar a natureza
Como faz todo animal.

Da forma que imaginou
Ele o fez com esperteza
Combinou com a amada
Com muita delicadeza
- Se o seu pai achar ruim
Seguirei pra Fortaleza!

Como tinham combinado
O plano idealizou
Com cavalo bem selado
Seu amor nele montou
Cavalgando sobre a serra
Bom lugar ele encontrou

O pai da jovem donzela
Amalucado ficou
Sem saber onde encontrar,
Onde o casal pernoitou
Ficou tão atarantado
Que o dia se findou

Segundo dia de luta
A procura do impostor
Pai sem se orientar
Procurou vereador
Este não ajudou nada
Aumentando a sua dor

No terceiro dia, então,
Refletindo, ao natural,
Procura a delegacia
Presta queixa, coisa e tal,
Conversa com o delegado
Confundindo o seu astral.

Delegado Antônio Costa
Sente-se na obrigação
Sendo padrinho da moça
Tinha que dar atenção
Pergunta do ocorrido
Como foi a relação

- Compadre Chico, me diga,
O que foi que sucedeu?
Conte-me bem detalhado
Como o fato aconteceu.
Quero saber os detalhes,
Que você entristeceu.

- Meu compadre Antônio Costa
Quero saber do senhor:
Já deu tempo desse traste
Deflorar a minha flor?
Pois cabra ruim, há três dias,
Deu uma de sedutor.

- Compadre e amigo Chico
Eu não sou nenhum vidente.
Mas, grande interesse tenho
De dizer-lhe honestamente:
Se eles são joviais
O caso é muito evidente.

Quando eu muito cavalgava
E cumpria a minha sina
Gostava de passear
Na burrinha Gasolina,
Que faceira desfilava
Com trejeitos de menina.

Com sua filha não sei,
Se algo de ruim encerra.
Porém, a minha burrinha,
Que comigo escorrega
Eu a amava três vezes
Só na descida da serra!

Fim.

Sávio Pinheiro

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