Morre ainda no útero
Antes de ser conhecida
Também morre as vezes a mãe
Perdi-se ali duas vida
Morre quando vem ao mundo
Criança recém nascida
Morre na casca do ovo
Porque não pode quebrar
Morre na castração
Na hora de costurar
Se passa dessa ou daquela
Não escapa da panela
Quando alguém quer cozinhar
Morre mamando no peito
Ou debaixo de uma asa
Morre em cima do poleiro
Ou protegido na casa
Um vira defunto santo
Outro churrasco na brasa
um tem crista na cabeça
O outro usa chapéu
Um canta co-co-ri-co
E o outro faz créu
Um vira estrume sem graça
O outro vai para o céu
De quando se vem ao mundo
Até a hora da partida
preocupa-se com doença
Deixe que a sorte decida
Não precisa nem nascer
Pra que se possa morrer
Quem mata mesmo é a vida
Paulo Jeser Ferreira Lima
Poeta varzealegrense
Nenhum comentário:
Postar um comentário