Esse personagem folclórico de Várzea Alegre
ficou conhecido, e ao mesmo tempo anônimo, pelo seu jeito rude e sua
ignorância, foi atribuída muitas delas ao caririense Seu Lunga. Mas isso não
tirou e nem tirará o prestígio de Raimundo Cardoso, que todos conheciam por
Mundinho da Varjota. Ele casado com Cecília Cardoso, uma mulher que podemos
dizer que tenha se santificado, pois agüentar as respostas bruscas que ele
dava, tem que ter muita paciência. Conta-me um amigo meu Raimundo Nonato uma
história que ocorreu no estádio Juremal, “ele sempre nas partidas de futebol ia
vender dindim (gelinho, juju em algumas localidades), e Genivan sabia que ele
era ignorante, e fez a pergunta obvia a Mundinho, se ali naquele isopor tinha
dindim, isso três vezes, na terceira vez ela já irado respondeu, não ta vendo
que tem dindim aqui seu filho duma égua, rebolando a caixa no chão aonde voou
dindim e moedas pelo chão, os meninos caíram em cima, pegando o dinheiro e os
dindins e ele com raiva foi pra casa.” Esse era Mundinho, tem histórias
engraçadas que dava pra fazer um livro.
Mundinho era um exímio consertador de bolas
de futebol, todos que tinham problemas nas bolas, iam pedir para ele consertar,
só que tinha que ter cuidado com a maneira de se expressar, pois poderia levar
uma resposta indesejada. Foi um personagem que Várzea Alegre esqueceu, mas como
eu sempre digo a cultura varzealegrense é riquíssima, e fica difícil da gente
catalogar, pois pode cometer injustiças e esquecer alguém. Pois pode ter gente
que não consideramos nada, mas pra muitos ele é uma figura importante, por isso
eu aprendi a pesquisa primeiro e ver o histórico dessa pessoa, com isso não
cometerei injustiças. Deus me deu o dom de escrever, com ele vou descrevendo as
pessoas que ficaram no passado, que acho que deram uma parcela de contribuição
pra cultura dessa cidade Várzea Alegre.
Pouco sabemos de dados pessoais do Mundinho,
sempre víamos esse casal povoando nossa cidade, mas como digo, continuarei
minhas pesquisas e descobrirei mais sobre Mundinho da Varjota, uma coisa tenho
certeza, não podemos olvidar a sua pessoa, como de muitos personagens que
povoaram Várzea Alegre, que aqui citarei: “Bugui, Maria Edite, Degue-Degue,
Catingueira, Chico Cego, Chico de Cecília, João Fósforo, Maria Saruê, o músico
Zé Pelado.” Enfim são muitos os que povoam a cultura varzealegrense de personagens folclóricos.
Com esse meu escrito reverencio a memória de
Mundinho da Varjota, sei se ele tivesse vivo e perguntasse a ele: “Mundinho o
que tu achou desses Escritos?” com certeza ele responderia: “Eu não achei nada,
não tava perdido e você foi quem me mostrou.” Uma verdade, pois não tava
perdido, tava em meu caderno, esse foi MUNDINHO
DA VARJOTA, que por dentro tinha um grande coração, mas não suportava
perguntas bestas.
Israel Batista
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