Estou só, e no fim da tarde triste,
As sombras já invadindo minha sala,
O tique-taque do relógio insiste
Em que eu preste atenção à sua fala.
Eu me recuso e ele não se cala...
A oscilação do pêndulo persiste
Até que a resistência me resvala
E meu pulso o acompanha em duo triste.
Constrangida a essa força do momento
Que teima em comandar-me o pensamento
Eu me pergunto ao relógio, desagravo,
Se ele impõe seus compassos ao minuto
Ou se é o tempo que, rígido, absoluto,
Lhe impõe bater as horas como escravo.
Francisco Carvalho
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