segunda-feira, 18 de outubro de 2010

BATE CORAÇÃO

Há cerca de dois meses, Socorrinha, uma das minhas noras, me contou um sonho que ela teve. Nele a minha falecida mãe lhe pedia para me avisar que no dia do meu aniversário, eu teria uma surpresa. Não dei muita importância, mas Magali pensou que seria a venda de um pequeno terreno que possuímos em Juazeiro.

Desde criança que me ocorrem pequenos surtos de taquicardia. Coisa que eu não dava muito importância, pois logo ela desaparecia. Em agosto de 1996, uma dessas crises demorou a passar e tive de ser levado às pressas para uma emergência cardiológica. A médica que me atendeu, Dra. Astrid Rocha Meireles Santos, teve muito trabalho para debelar essa crise. Em seguida, ela me explicou que essa taquicardia era decorrente de uma pequena anomalia congênita debelada facilmente com uma medicação adequada. A partir daí, fui acompanhado pela a Dra. Astrid visitando seu consultório de duas a três vezes por ano. Nessas oportunidades eram realizados vários exames necessários para checar a minha saúde.

Em fins de agosto último, um teste ergométrico constatou uma deficiência coronária. A cintilografia revelou uma leve isquemia do miocárdio esquerdo quando eu estava sendo submetido a esforço. Então tive a surpresa de ter que realizar um “cateterismo” no dia 15 de setembro, justamente no meu aniversário. Mais surpreso ainda, eu fiquei quando recebi os dados revelados por esse exame: obstrução em três artérias principais, uma delas, 90% lesionada.

Ao analisar os resultados dos exames a Dra. Astrid me informou que teria de ser colocadas no mínimo três pontes, à peito aberto, e que iria me entregar ao Dr. Glauco Lobo, em quem ela depositava toda a confiança.

Jamais imaginei que um dia eu teria de ser submetido a uma cirurgia para revascularização do miocárdio, popularmente conhecida por “Ponte de Safena”.

Fiquei muito abalado e para desabafar, escrevi um texto onde afirmava que “Viver é preciso”! ‘Mesmo que para tanto eu tivesse que construir “pontes” e pavimentar novos caminhos’. Foi uma forma que encontrei para comunicar o que acontecia comigo.

Quando me vi numa maca sendo transportado para o Centro Cirúrgico, fechei os olhos, penetrei no mais íntimo do meu ser e me coloquei nas mãos de Deus, dizendo: “Senhor, este servo está em vossas mãos”. De repente me veio uma enorme tranqüilidade e quando acordei, encontrava- me na UTI e, pude entender que estava bem vivo!

Às vezes pensamos que o mundo está perdido, que não existe mais o amor e a solidariedade. Mas, através dos momentos difíceis podemos enxergar o amor e a presença de Deus na bondade das pessoas. O mundo está impregnado de egoísmo, de individualismo, e por isso achamos que são poucas as pessoas boas.

Nesses dias em que Carlos se submeteu a cirurgia para fazer as pontes nas veias obstruídas, tive oportunidade de observar o amor e a doação dos profissionais da saúde: médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagens, fisioterapeutas, camareiras, auxiliares de serviços. Todos trabalhando com delicadeza e um sorriso nos lábios, apesar do cansaço de um dia de trabalho ou de uma noite de plantão. Esse acolhimento ao paciente e à sua família é muito importante.

Quando estava sentada na sala localizada de frente ao Centro Cirúrgico, acompanhada dos meus filhos e noras, à espera de alguma notícia da cirurgia de Carlos, sempre encontrava enfermeiras solidárias que me informavam do andamento da cirurgia. Quando eu visitava Carlos na UTI, também as pessoas que ali trabalhavam eram acolhedoras e educadas.

Através da solidariedade dos amigos e desses profissionais da saúde, estamos muito agradecidos a Deus por todo esse apoio e a força que Ele nos dá para enfrentarmos essas preocupações com tranqüilidade e esperança. Aos nossos amigos agradecemos sensibilizados, as visitas, os e-mails, os comentários, os telefonemas, a torcida e as orações. Agradecemos a Deus pelo dom da vida!

Por Carlos Eduardo Esmeraldo e Magali de Figueiredo Esmeraldo

Nota: O trecho de Carlos Eduardo Esmeraldo foi ditado a Magali que o digitou.

Postado no blog do Sanharól

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