segunda-feira, 19 de abril de 2010

A casa de meu avô


A casa de meu avô
tem histórias que o vento
esqueceu nas cumeeiras


Traços traçam
amarelo de tempo
nas pessoas dos retratos
No chapéu de meu avô
o peso do esperar
pendurou-se nas abas


O último cachorro
deixou seu jeito no canto da porta
seu grito no longe da serra
e no susto dos bichos


Nos varais as marcas dos panos
se envergonham de nudez
Nos baús o cheiro dos lençóis
espera a vida
que se esvaiu pelas frechas


A casa de meu avô
é uma dor sem jeito

Batista de Lima

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