sábado, 24 de abril de 2010
Manhã de Pacoti
Meu olhar, colhido pela paisagem de Pacoti, repousa suavemente na clorofila. O vento entrega-me uma brisa fresca e a pele acolhe o frio que alivia o calor da efervescência natural da vida. Pássaros cantarolam livremente, senhores de sua independência, sem a ação do lado bestial, imbecil e desnaturado dos humanos que os matam ou aprisionam. Alegres, cada um anuncia sua cantiga, num especial momento de verdadeiro mundo. Como em todos os lugares, as pessoas transitam com seus universos particulares, mas um traço, quase imperceptível, de tranquilidade, brilha em cada olhar. É a espécie vivendo no seu habitat, da forma mais apropriada possível, considerando a época em que vivemos e a mentalidade autodestrutiva que ainda predomina.
Apesar de todos os problemas, quando respiro a natureza de Pacoti acho a vida bonita e boa. Talvez eu tenha me fixado, de alguma forma, no mito do Jardim do Éden. Devo dizer que é um excelente mito a ser perseguido.
Por vezes, tento imaginar como seria a humanidade se tivesse planejado a civilização e executado, desde o começo, o desenvolvimento sustentável. Como estariam o Planeta, as pessoas e a ciência? Como seriam os empregos?
Jamais obterei essa resposta. É muito tarde. O estrago na Natureza, no espírito humano, nas relações foi muito grande. Fomos muito sedentos e continuamos sugando o Planeta para atender aos caprichos dos apegados ao poder, e à força do dinheiro.
Desejo que todos os pacotienses tenham seus olhares acolhidos pela beleza natural dessas montanhas e faça um pacto consigo mesmo de lutar pela preservação. Que todas as crianças entendam o aprisionamento dos pássaros como um ato contra cada um de nós. Contra nosso direito de viver com simplicidade e a melhor qualidade possível. E que todos os visitantes sejam bem-vindos e tragam consigo o respeito ao meio-ambiente e levem a saudade de um lugar privilegiado, preservado, agradável e bonito.
Paulo Viana
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