domingo, 13 de junho de 2010

RELATO DE UM IDOSO


No rosto marcado, rugas de sabedoria
Não mudam as digitais, marcas e sinais
Labuta e lamento terminam sem alegria
O que me restou? Pobre aposentadoria.

Aqueles que agüentam fazem um extra
Vendem quinquilharias nas esquinas
Recolhem descartáveis, as latinhas...
Faz-se de tudo, de tudo se engendra.

Outros já não têm a mesma sorte
Impossibilitados de qualquer ato
Esperam somente a santa morte
Salvação, melhor será do outro lado?


Eu? Vou vivendo sem retroceder no tempo
Choro sozinho, quando acendo o fogão
Falta tudo, arroz, feijão, alimento
E o remédio, não consigo pagar não!

Se pago o aluguel não dá para comer
Se comer não vou ter como morar
O governo promete o medicamento
Vou buscar, aí é a dor, o sofrimento

Dói ouvir negativas, pedir ajuda, é tosco
Já fui e fiz tanto nessa vida...
Agora pergunta se de deixei de pagar imposto
Desgosto, as rugas? São de Deus dádivas de uma vida!

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