sábado, 5 de junho de 2010

NO FUNDO DO POÇO!!!


Ao passar por uma estrada estava eu a observar aquela beleza rural quando escutei.
- Ei, ei! Tem alguém ai?
Por um instante procurei o autor do chamado e, logo encontrei um poço a cerca de uns 30 mts, depois da estrada de terra batida.
Fixei os olhos a procurar o autor ou autora do chamado naquela escuridão profunda.
Eram mais ou menos dez metros de profundidade. Ficaste alegre a me ver nas bordas, onde havia luz. Não sei o quanto de tempo estava ali, mas ali estavas fazia tempo.
- Lhe tiro daí!
Busquei uma corda forte e comprida.
- Alcançou?
- Sim! – respondeu você.
Comecei a puxar. Tinha subido dois metros e soltou! Com a queda machucou-se muito, gemeu de dor... As quedas machuca, cada um sabe a dor.
Puxei a corda. A cada metro dei um nó como uma escada.
- Agora você sobe que eu seguro.
- Creio que sim! – respondeu-me.
Percebi tua silhueta, mesmo gemendo de dor, alcançavas o quinto metro. Era a metade do caminho. De repente, soltou! Choros, gemidos e gritos foram constantes após a queda. Lamentei, mas tirar você do poço era um desafio pra mim, agora mais do que nunca.
- Me espera! Alguns quilômetros só.
Legal, encontrei uma escada, dessas com extensão com os espaços, dez metros.
Foram momentos difíceis, o caminho e colocar aquela escada dentro do poço, o risco de atingir teu ser me preocupava, alguns gemidos fracos certificavam a tua presença, mesmo não lhe vendo, tinha certeza que você queria sair do poço.
- Ei, você está me ouvindo?
- Sim!
- Está vendo a escada?
- Sim!
- Então, suba!
Senti, ao segurar a escada mexendo, afinal, à vitória! No oitavo metro vi teu rosto, teu corpo, me fazia medo o estado assombroso que te encontravas. De repente, soltou-se!
Pensei que tinha morrido. Entre os degraus da escada se debatia aos gritos de dor, de desespero. Você não sabe o quanto foi difícil pra mim, já era tarde, o dia se findava como muitos outros dias. Desci pela escada, procurando por você, o escuro era tanto, não via o teu rosto, mas sentia o teu corpo em farrapos, todo machucado.
Disse deita-te ao meu ombro, vou tirar-te daqui!
Fixou aqueles olhos nos meus e colocou as mãos no meu pescoço a chorar, me perguntou.
- Quem disse que eu quero sair daqui?
Paro aqui o um conto, ficando no meu canto a pensar, você no teu poço.
- Um abraço do tamanho da escada.


Por Benedito Donisete Packer*

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*Benedito Donisete Packer é agricultor presidente do Conselho Municipal de Saúde. Segmentos dos usuários, membro do Pólo Permanente de Educação em Saúde do Sudoeste Paulista.

por Projeto Cristianismo Integral

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