quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O 8° PECADO CAPITAL


O Brasil é uma pátria que tem dono
Mas também é terra de ninguém
E a pátria mãe gentil pra quem já tem
E é madrasta pra quem ta no abandono
A pobreza luta, mas nem sabe como
E se sai viva dos dentes do serrote
E os donos do país de camarote
Se deleitam cercados de rosa e cravo
Todo algoz odeia o seu escravo
Mas todo escravo ama o seu chicote

O escravo nunca gostou de apanhar
Mas o faz com resignação
Faz o gosto da ganância do patrão
Que lhe dar uma senzala pra morar
Pra comer lhe dar tripa e mungunzá
Pra vestir lhe dar molambo e saiote
O serviço braçal é seu esporte
E seu dinheiro vale menos que centavo
Todo algoz odeia o seu escravo
Mas todo escravo ama o seu chicote

Boa fé nossa gente tem demais
Entretanto não passamos de idiotas
Mesmo assim, somos nós os patriotas
Porque ELLES são piores que animais
Sempre roubam, roubam muito e querem mais
São vorazes como leões e coyotes
E o povo entregue à própria sorte
Condenado por sentença e com agravo
Todo algoz odeia o seu escravo
Mas todo escravo ama o seu chicote

Desde os tempos da terra prometida
Que o homem inventou submissão
E mandaram este invento pro sertão
Pra deixar gente incauta destruída
Que sequer tem direito à própria vida
Pois crianças desnutridas aos magotes
Criam calos nas mãos e no cangote
E o grito de revolta que destravo
Todo algoz odeia o seu escravo
Mas todo escravo ama o seu chicote

Uma coisa real que nos consome
É o quanto essa estrutura nos explora
Velhos ranços do tempo da pré-história
Matam um “bicho sertanejo” que tem nome
Sem respeito, sem futuro com sede e fome
Decantado por ser “antes de tudo forte”
Quando nasce, nasce junto com a morte
E quando tomba cai com a cicatriz dos bravos
Todo algoz odeia o seu escravo
Mas todo escravo ama o seu chicote

No país da mega roubalheira
Há 500 anos a gente apanha
Com balcões de negócios e de barganhas
De safados pilantra sem fronteira
É a prática nefasta e sorrateira
Do pirata que ainda tem quem nele vote
E sendo imune acelera mais o trote
Sempre em busca da mutreta e do conchavo
Todo algoz odeia o seu escravo
Mas todo escravo ama o seu chicote

Na política a coisa corre frouxa
Mesmo assim é tudo Vossa Excelência
E o resto dos mortais pede clemência
Cá pra nós onde todo mundo é trouxa
Nós nem temos as nossas “coisas roxas”
Não sabemos se esconder e dar o bote
Nós não somos arisco igual capote
E nem sabemos exigir em desagravo
Todo algoz odeia o seu escravo
Mas todo escravo ama o seu chicote

O político é um grande costureiro
E nem precisa usar máquina overloque
No governo ele aplica logo um choque
No sentido de arranjar bem mais dinheiro
Não importa se arrebenta “O companheiro”
Sempre vai com muita sede ao pote
Que na arte da costura é grife forte
E sempre deixa um viés no alinhavo
Todo algoz odeia o seu escravo
Mas todo escravo ama o seu chicote

Se Deus um dia com o poder da criação
Resolvesse rever os seus criados
E decidisse incluir mais um pecado
Que viesse castigar mais o ladrão
O viciado, na avareza e ambição
Na política do Brasil com seus fricotes
Mandaria alterar somente um lote
E nos pecados capitais era o oitavo
Todo algoz odeia o seu escravo
Mas todo escravo ama o seu chicote

Tibúrcio Bezerra
tiburciosousa@hotmail.com
(98)99325439

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