quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

SAUDADE DAS GAMELAS


Fui às Gamelas

Pra matar a saudade

Do tempo de criança

Momento de felicidade

Aonde muito brinquei

Na minha mocidade

Avistei a casinha

O meu doce recanto

Aonde eu vivi

Meu tempo de encanto

Hoje ainda em pé

Me inspirou este canto

Gamelas meu torrão

Aonde eu corria

Bem cedinho no terreiro

Naquela manhã fria

Aonde não tinha tristeza

Era só a alegria

Pegava a baladeira

E saia pra caçar

E pela tardinha

Gostava de pescar

E a noite no terreiro

Admirava o luar

Eu era inocente

Não tinha malicia

De minha avó receber

Amor e caricia

E minha vida tornava

Uma grande delicia

Quando era sábado

Vínhamos pra cidade

Comprar mantimentos

Oh que felicidades!

Mas voltar pra casa

Era minha vontade

Era lindo o amanhecer

Naquele belo sertão

Não sabia o que era tristeza

Em meu coração

Pois tinha tudo que queria

E que me dava emoção

Adorava de manhã

Do curral ver o gado

De minha avó e mãe

Receber um agrado

E correr pelo terreiro

Brincando adoidado

Quando tinha inverno

Que a chuva começar a cair

E ficava ansioso esperando

O lindo sol no céu sair

Para ver os riachos correrem

Que muito me fazia sorrir

Na serra do Luciano

O gado eu ia buscar

Ao lado do meu tio

Ia só pra acompanhar

Pois sentia-me feliz

Querendo ajudar

Tomar banho de açude

Era a minha diversão

E minha avó com cuidado

Me fazia a recomendação

Não vá lá pro fundo

Você não sabe nadar não

Adorava o amanhecer

Para ver os animais

As galinhas, capotes.

E muitos outros mais

Nisso bateu a tristeza

E uma saudade demais

Hoje está deserto

Aquele lindo lugar

Mas ainda pude ouvir

O canto do sabiá

E uma marreca voando

Aos arredores de lá


Minha avó contava histórias

Do seu tempo de criança

E mãe numa redinha

Junto a mim se balança

Era um tempo fagueiro

Que não me sai da lembrança

A casa grande da titia

Uma parte veio ao chão

Atravessei o riacho

E me bateu uma comoção

Pois era naquele local

Aonde eu brincava com emoção

Passei no juazeiro

Onde brincava todo dia

Num mundo particular

Feito de sonho e magia

Onde eu era feliz

E não faltava a alegria

Fui olhar o açude

Onde muito me banhei

E o vi desprezado

Oh quanto chorei

Não pude fazer nada

Logo me retirei

E Janete minha gatinha

Que era muito amada

Eu queria muito bem

Também era mimada

Pegava ratos, passarinhos,

Não lhe escapava nada

Assim que pisei o pé

Naquele doce chão

Me transportei rápido

Ao mundo de recordação

Só via aquela criança

Sem maldade no coração

Guardei tudo na mente

O que vi neste momento

Pois o tempo foi cruel

E passou feito um vento

Levando as coisas boas

Deixando só o lamento

Vi os Belizários

Serra do Luciano

A casa de Jonas

Que ele vinha todo ano

E a casinha que morei

Com as graças do soberano

O meu adeus as Gamelas

Foi duro de dar

Hoje sou adulto

E lá não posso ficar

Pois o dono é outro

E lá não posso voltar

Gamelas ficou bem guardada

Num cantinho do meu coração

De um recanto que me acolheu

Num momento de emoção

A minha infância querida

De doce e bela recordação.

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