quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
VIA CRUCIS
À minha mãe (1937-2002)
“Assim temo, a evocar-te a imagem linda,
Que, após a morte, venha a eternidade
Esta separação tornar infinda...
E, então, o sentimento que me invade,
Sem a esperança de te ver ainda,
É dor eterna, não é mais saudade.”
Da Costa e Silva
Por que deixaste tão cedo a estrada,
E foste ao pé de um arbusto descansar?
Será que estavas assim tão cansada?
Precisavas tão depressa te ausentar?
Por que carregaste tantas mágoas, castigos...
E fizeste de teu caminhar um suplício?
Por que carregaste tanta dor contigo,
Tornando tua peregrinação tão difícil?
Por que não entregaste a Deus teus temores,
E não confiaste a um amigo o que sofrias?
Por que tua senda fez-se em um calvário de dores,
Não notaste, que mesmo em prantos, a vida te sorria?
Por que não colheste a flor à beira do caminho,
E não sentiste o perfume que dela exalava?
Por que não te deste o direito a um carinho,
E não olhaste para a criança que ao teu redor brincava?
Por que escolheste a trilha mais íngreme e penosa,
E não viste o caminho amplo que para ti se abria?
Por que só enxergaste os espinhos e não a rosa,
E não percebeste o anjo que de perto te seguia?
Não...! Não era para ser este o rumo de teus passos...
Não...! O destino insiste em cínico blefar...
Por isso em meus dias de hoje...o fracasso...
De não poder as peças de tua existência, juntar...
A tua estrada hoje está deserta...vazia...
Nela sonho ver-te com passos firmes caminhar...
Nela sonho um sol que te acaricia,
Como se fosse as mãos de Deus a te abraçar...
De Hyppólito
http://metamorfosespoeticas.blogspot.com/
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