sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

CRÔNICA DE UM MULHER DE QUASE 40


Quando eu tinha 17 anos, minha preocupação era ter um trabalho e poder comprar minhas coisinhas, escolher uma profissão, fazer faculdade...
Aos 20, nem sei se era um objetivo, mas o sonho era me casar, formar uma família, ter filhos... Tudo transcorreu tão perfeitamente!
Aos 30, já separada, com dois filhos lindos, fazendo faculdade de jornalismo depois de trabalhar anos em outra área, vivi minha primeira grande crise existencial. Foi quando realmente comecei a questionar sobre o que eu queria da vida. Até então, minhas prioridades eram a satisfação de necessidades simples e bem pessoais. Mas depois de uma escolha tão perigosa que é a separação, a mulher precisa ter consciência de que terá que arcar com as conseqüências da sua decisão. Vai sofrer, sim. Vai ter privações financeiras, vai passar momentos tensos e estressantes.
E aí corremos o risco de entrar em uma paranóia de querer provar que somos capazes de viver sozinhas, sem depender de ninguém. De mostrar para o mundo como somos autosuficientes. Pelo menos foi o que aconteceu comigo e gerou esta minha primeira “grande crise”.
Corri atrás de trabalho e estudos como jamais havia imaginado. Faculdade, pós-graduações, especializações no exterior... Tudo isso aliado aos cuidados com a casa e com os filhos. Foram anos realmente tensos. Mas a vontade de provar que era boa o suficiente, sempre me manteve motivada.
Agora pago o preço de ter aberto mão de certas coisas por conta de um objetivo que hoje, nos meus quase 40, já não tem mais tanta importância.
Tenho satisfação imensa em dizer que sou uma mulher realizada e reconhecida profissionalmente, sem perder as ambições, claro. Tenho filhos que só me dão orgulho, graças à educação que foi possível com o apoio do pai deles também, e isso não é demagogia.
Já o grande amor da minha vida perdi, há pouco tempo, por conta do egoísmo profissional e de tantos outros afazeres que considerava mais importantes. Perdi, sem volta! E tive que exercitar muito meu desprendimento para assumir que falhei. Mas é como dizem, a gente não valoriza muito o que está ali sempre na nossa mão. Game over pra mim...
Felizmente a maturidade dos quase 40 (ainda faltam três) me ajuda a enfrentar a crise com mais serenidade. Entender que a fase que estou vivendo é uma espécie de “ressaca” provocada pela alta dosagem que autoconfiança. E que ela já está quase passando.
Se falhei, tudo bem... Ninguém é perfeito.
Entendo que tudo tem seu tempo e depois das perdas, decidi que vou dar "um tempo" nos estudos, investir mais em mim, abrir os olhos para quem está à minha volta. Talvez isso me proporcione outro tipo de satisfação ou um relacionamento afetivo mais equilibrado, não sei...
O importante é não desistir, nem de ser feliz, nem que se questionar, nem de buscar...
É como diria nosso Rei Roberto: “Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi.”

http://marilenachociai.blogspot.com

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