sexta-feira, 13 de agosto de 2010

MUNDIM DO VALE


Poeta Mundim do Vale
É tudo isso e muito mais
Bolacha com gosto de gás
Caderneta de fazer vale
É Pai dizendo se cale
Ao menino maluvido
Comer merenda escondido
Da mãe por detrás do muro
Brincadeira num munturu
E o vizinho ofendido


Lata furada pra ir
Buscar água na cacimba
Naquela outra de cima
Quase que sem conseguir
Fundo de rede a ruir
Sem se poder fazer nada
Ainda toda mijada
É o poeta Mundim
É a imagem que pra mim
Parece conceituada


Ponta de lápis quebrada
E uma gillete cega
Conta grande na bodega
E a mulher enfezada
Da feira sem ter mais nada
Nem o leite do menino
Desses feioso e mufino
É também você do vale
O juiz dizendo fale
Seu imbecil e cretino


O almoço d’água sendo
E a janta do mesmo jeito
E o patrão mostrando o eito
Lágrimas dos olhos descendo
E a voz emudecendo
Quando queria gritar
Mundinho vá se lascar
Tu é isso e mais de légua
Vai-te a baixa da égua
Para o sertão melhorar


Caixa de fósforo molhada
Vela que nao tem pavio
Vela sem ter mais navio
Dentro da água jogada
Terreiro sem meninada
Menino sem chutar bola
Professor sem ter escola
É também nosso poeta
Cabeça de lêndea repleta
Esmoler sem ter sacola


Claudio Sousa

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