domingo, 19 de junho de 2011

Tarde de domingo no Maracanã


Tarde de domingo ensolarado. Jogo do Flamengo no Maracanã. Quem mora no Rio de Janeiro sabe do que estou falando. É energia pura. Principalmente para quem vem pela primeira vez ao Rio.
Um grupo de seis pessoas parte de Campo Grande. A viagem é de trem. Chega, compra os ingressos, entra e senta para apreciar o espetáculo. Maracanã lotado. Flamengo contra Goiás.
Talvez menos de um por cento fosse a sua torcida. De modo que o Maracanã era só Urubu, preto e vermelho!
Quem gosta de futebol sabe que, pode ser apenas uma pelada na esquina, os ânimos se alteram. Pior ainda num Maracanã lotado. Venda recorde de ingressos.
O grupo era um pai com dois filhos, outro pai com uma filha e um sobrinho em visita ao Rio pela primeira vez.
Tudo na paz. Espera-se o início do jogo. Até que outro torcedor que naturalmente chegou em cima da hora, não encontrando lugar para ele e o filhinho ficarem juntos, resolve perturbar a paz alheia. Começa a pedir à garota que ceda o seu lugar para o filho que é uma criança para que ele fique na cadeira a sua frente e mocinha mude de lugar. Ela se nega. Está no direito dela, chegou primeiro e não vai mudar. Está ao lado do primo, inclusive namorado. Jamais aceitaria mudar de lugar, separar-se para satisfazer os caprichos de um desconhecido, não estava em seus planos. Disse não. E não mudou de lugar.
O dito cujo resolveu encher o saco. A garota falou que não ia se separar do grupo dela para dar o lugar ao garoto. E ele continuou insistindo até que o pai da jovem, com toda sua calma e educação, interveio e disse: “ela não sai!”
Mas não custa nada ela mudar de lugar para que o meu filho, que é uma criança, fique perto de mim, aqui na minha frente, disse o homem.
Ela não sai! Cheguei cedo com a minha família. Por que você não veio cedo também para achar um lugar para ficar com seu filho? Continuou o tranqüilo pai. Equilibrado, sensato e educado. Teve de ouvir desaforos. Além de ser chamado de Paraíba, o que é discriminação. È mandado ir tomar... Ao que responde sem perder a compostura: Você está a fim de comer? O outro não entende bem o este e pergunta pêra entender; Você está a fim de comer? Nunca mande ninguém t... Se não estiver a fim de comer. Vai comer o da... Aí foi barraco total!
Ele ficou só resmungando, mas não ouviu nem mais um pio, a não ser da torcida do Flamengo,
que aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, quando já estavam de pé para ir embora, fez um gol.
Voltaram para casa felizes com a vitória, trazendo esses fatos que ainda hoje arrancam gargalhadas de quem presenciou.


Dedicado a Paulo Victor, Ilana, Sander e Cleiton Bezerra.

Artemísia

Um comentário:

  1. Você sempre me surpreendendo.
    Chego aqui e encontro meus rabiscos.
    Obrigada por sua leitura.
    Não citei os nomes dos personagens,
    mas são nossos parentes. (Os seis!)

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