sexta-feira, 28 de outubro de 2011

NÓS E NOSSO ARTESANATO


Nosso artesanato é
Orgulho de nossa raça
Em ferro a coisa ultrapassa
Em barro, palha e sizal
Fazemos até fumaça
Em osso, chumbo e cimento
Abastecemos a praça
Em pedra, gesso e acrílico
Nosso trabalho é uma graça
Perseguição, guerra e seca
Nada aqui nos embaraça
Em plástico, lã e tecido
A nossa arte é sem jaça
Roupas que nós costuramos
Não dá cupim nem traça
Nossas loiceiras produzem
Butijões, pote e cabaça
O governo nos renega
A máquina nos ameaça
Precisamos de tirar
A neve que nos embaraça
Qualquer pensamento nosso
A invenção não fracassa
Relógio que marca hora
Enquanto a vida não passa
Em flandre, zinco e alumínio
Nós já ganhamos a taça
Em bomba fogo e balão
Quem procura nos abraça
Romeiro do Padre Cícero
Não tem medo de desgraça
Gostamos do meu Padim
Pelo amor que nos laça
Nosso artista não se espanta
Com sombra noutra vidraça
Se cai um romeiro morto
Deus abençoa a carcaça
Aqui artesão trabalha
Que o couro da testa aça
Não tem nada nesse mundo
Que o nosso povo não faça.

Pedro Bandeira

(Poeta Violeiro)

*Gravura dos artesanatos de Juazeiro do Norte Ceará terra que o poeta vive e decanta.

Poema que se encontra no livro "Roteiro lírico e místico sobre Juazeiro do norte" de nosso conterrâneo Padre Vieira. Pag. 96

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