sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Parábola do Odre de Vinho — Jeremias 13:12-14



Parábola do odre de vinho
(Jr 13:12-14)

O odre é feito de pele de animais e comporta líquidos de todos os tipos. Quando Jeremias contou essa parábola, ela não foi compreendida pelos ouvintes. O significado é que, assim como o vinho embriaga, a ira e os juízos de Deus entregariam o seu povo desobediente a um estado de perturbação irremediável, fazendo-o apressar-se em direção à própria ruína. “...bêbados, mas não de vinho” (Is 29:9) — uma impotência e uma confusão, como as da embriaguez, atingiriam o povo (25:15; 49:12; v. Is 51:17,22; 63:6).

O profeta recebeu ordens de proclamar a “todos os habitantes desta terra” a sua enigmática mensagem, a qual, em parte por assombro, em parte por zombaria, eles haveriam de rejeitar: “Não sabemos disso? Por que precisamos ouvir dos lábios de um profeta?”. Independentemente da posição ocupada, todos seriam despedaçados como se quebra um vaso, porque não se lamentaram nem se humilharam por causa do seu pecado (SI 2:9; Ap 2:27). O reino decadente estava à beira da ruína, e todos os laços que uniam a sociedade seriam quebrados. O orgulho nacional de Judá estava arruinado com o cerco do seu próprio pecado (Jr 13:9), como o cinto podre e o odre despedaçado vividamente retratam. A humilhação sofrida deveria ter resultado na adoração do Senhor Deus, mas não confessaram a sua culpa. Quão triste ficou Jeremias quando viu o rebanho do Senhor levado ao cativeiro!

Duas figuras de linguagem expressivas são usadas em referência ao terrível exílio de um povo desobediente e degenerado.

1. O etíope e o leopardo. Os hábitos podem-se tornar tão naturais que parecem fazer parte de nós. O persistente pecado de Judá estava por demais enraizado para que pudesse haver uma reforma espontânea. Assim como o etíope não podia mudar a cor escura de sua pele, nem o leopardo erradicar suas manchas, também era impossível aos degenerados judeus abandonar seus hábitos pecaminosos inveterados. Estavam tão presos aos seus maus caminhos, que nada restava, senão o mais extremo castigo, o qual experimentaram quando foram levados para o exílio.

2. O restolho que passa arrebatado pelo vento. Por restolho devemos entender “as canas de milho deixadas no campo pelo ceifeiro”. Esse restolho quebrado estava sujeito a ser carregado pelo primeiro vendaval (Is 40:24; 41:2). Os ventos do deserto varrem tudo e não há obstáculos que os detenham. A solene aplicação desse símile é que o castigo corresponde à perversidade do povo. “Como seus pecados foram cometidos nos lugares mais públicos, Deus declarou que os exporia ao franco desprezo das outras nações” (Lm 1:8). Talvez a irremediabilidade da condenação seja abrandada pela pergunta: “Ficarás limpo? Quando?”. Embora Jeremias aparecesse para negar a possibilidade de que tão longo endurecimento no pecado fosse purificado tão depressa, havia, contudo, a esperança de que o leopardo pudesse mudar as suas manchas. “Nada há que te seja demasiado difícil” (Jr 32:17; Lc 18:27; Jo 1:7).


Fonte: Todas as Parábolas da Bíblia de HERBERT LOCKYER.

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