terça-feira, 18 de maio de 2010
BOCA LIVRE
Em um belo domingo de sol da década de oitenta o corretor de algodão Antônio Ulisses foi se encontrar com o deputado e amigo Nilo Sérgio no Clube Recreativo de Várzea Alegre – CREVA. Naquela manhã, o parlamentar se reunia com inúmeros correligionários no aprazível clube.
Antônio Ulisses chegou animado pois ali certamente se daria mais uma das festivas reuniões patrocinadas pelo político varzealegrense. Contudo, ao chegar ao local, o engenheiro Tércio Costa chamou o primo em particular e falou baixinho:
- Antônio Ulisses, Nilo Sérgio me disse que não agüenta mais essas contas gigantescas. A partir de hoje não tem mais boca livre.Vai ser tudo rachado.
Uma ducha de água fria caiu na animação do controlado corretor de algodão. A maioria dos convidados chegara mais cedo no lugar e já consumira muitas cervejas e tira-gostos. Seria injusto entrar na divisão da grande conta. Cauteloso, Antonio Ulisses chamou o arrendatário do bar do clube e disse:
- Zé de Zuza, prepare uma dose dupla de Ron Montilla para mim. Vá anotando meus pedido aí separado.
A reunião seguiu animada. Quando o deputado parava de falar, Antônio Ulisses tomava a atenção dos presentes contando as suas divertidas histórias. Na grande mesa não faltava tira-gosto. Mas sempre que Zé de Zuza trazia um apetitoso prato, Tércio olhava para Antônio Ulisses e gesticulava com uma mão cortando a outra, lembrando que quem comesse qualquer coisa entraria na divisão da conta. Assim, mesmo muito apetitoso, o corretor preferiu não tocar nos pratos.
Já no fim da tarde o deputado se despediu de todos e deixou o clube. O dono do bar veio à grande mesa e passou a recolher os inúmeros vasilhames de bebida e pratos vazios, anunciando:
- O deputado pagou toda a conta.
Feliz e aliviado, Antônio Ulisses se levantou, preparando-se para ir embora. Porém, sob o sorriso do engenheiro Tércio, Zé de Zuza lembrou:
- Falta só as suas vinte doses de Ron. Nilo Sérgio não pagou porque você me pediu para anotar separado.
Colaboração: Luiz Fernando Costa Cavalcante
Escrito por Flávio Cavalcante do blog pedra de clarianã
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