sexta-feira, 21 de maio de 2010

no silêncio do poeta


Procurei nos versos, rosas
Nas rosas, água
Na água, os versos
Que em mim faltava.

Procurei no teu corpo, abrigo
No abrigo, o “não dito”
No “não dito”, o amor
Que em mim procurava.

Viajei até o porto do teu cais
Buscando saber
Se o meu sol
É o mesmo que em ti nasce.

Deixei que me rotulassem
Em versos negros
Enquanto lia a profecia de Cristo
Entre rosas e espinhos.

Abri o livro dos dragões
E saiu uma rosa mágica
Da rosa saiu os versos
Dos versos, um mar de rosas.

Das rosas, um espelho mágico
Que refletia em quem olhava
Do espelho, alma luz
Nascente do teu corpo.

Do teu corpo, esses versos
Desses versos, o “não dito”
Que transborda por dizer...

Dentre tantas coisas...

Calo-me!

Silencio, até que o raio cruze o céu!

Silencio, até que o teu juiz não me faça de réu!

Sinto a força da voz enquanto sai uma pétala
Que do meu peito sopra no céu da tua boca
E dos versos negros surgem cores
Que se espalham num vôo noturno.

Ao fundo, Iemanjá no altar
Nas costas, o dragão tatuado
Na estrada, passos entrelaçados
Na cama, destinos que se cruzam.

No prazer, corpos que se encontram
No êxtase, almas que se calam
No despertar de um sonho profundo...

Teus olhos se abrem no pico do mundo.

Então se abraçam, duas estrelas
Então se aquecem, no leito dos céus
Reconhecem-se como partes iguais
Mares e membros, amor no cais.

Luz que embeleza a vida
Magos e seus cajados a escrever
Com os meus olhos e os olhos teus
No mergulho dos anjos de Deus.

Nathalia Wigg

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