domingo, 5 de fevereiro de 2012

O BAIXINHO



Vicente Vieira em fevereiro de 1940. Ele acompanhava seu filho, Padre Vieira, ainda seminarista, para tomar o trem em Cedro rumo a Fortaleza. Ao entrar na Vila de São José de Lavras da Mangabeira, encontrou-se com um cidadão de baixo para anão, que lhe perguntou se havia encontrado uns burros arreiados na estrada.
- Meu amigo, se levante que eu não falo com homem de cócoras!
O cidadãozinho certamente já trazia consigo aquele complexo de inferioridade, que era o seu calcanhar-de-aquiles ou ferida sempre aberta a doer. Puxou uma lambedeira dos quartos de umas doze polegadas, riscou com ela no chão e dirigiu-se para o velho:
- Olhe aqui! Eu sou pequeno no tamanho, mas sou homem na coragem. Desça já daí para ver se não lhe costuro na ponta da peixeira!...
O anão fez outras bravatas, até que o seminarista interferiu, pedindo calma e dizendo que seu pai havia dito aquilo em tom de brincadeira, que era o jeito de falar com as pessoas amigas e de confiança, mas que ele fosse tranquilamente, que os animais estavam na saída da vila.
Terminando o entrevero, o seminarista disse:
- Papai, o senhor devia ser mais comedido nas suas brincadeiras, sobretudo com estranhos!
- Meu filho, eu prefiro perder um amigo a deixar de dizer uma piada.

Padre Vieira
No livro “O Padre do jumento” Pag. 256 de autoria de Amorim Filho e Expedito Duarte.

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