terça-feira, 11 de maio de 2010

DÚVIDA


cantaste a mesma valsa, e logo foste embora
saiste tão depressa, indiferente, esquiva!...
certamente a zombar de quem viveu, outrora,
na ilusão de prender-te essa alma fugitiva.

tua voz de metal, sempre meiga e sonora,
através da canção dolente e evocativa,
fez morada em meu pinho. E que dizer, agora,
desse teu doce olhar de beleza nativa?

mas não, ó isso não! hei de viver assim,
incompreendido e esquivo, a sofrer sem reclamo
a ausência desse amor sem começo e sem fim.

se, nesta solidão, por teu nome inda exclamo,
talvez seja melhor que te ausentes de mim,
e fiques para sempre a duvidar se te amo.

Sinésio Cabral

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