quarta-feira, 12 de maio de 2010

floresta em preto e branco


em arranha-céus de concretos
medo e desordem
a selva de automóveis
os predadores se mantém estáticos
esperando o homem
caçado, passivo e prático.
A desordem visita o réu
num aperto de mão
malicioso e tático
as crianças de estimação riem
dos outros animais
insanos e fracos.
As árvores são tão quentes
todas de argamassas e cal.
os vermes consomem os corações
já pobres de tanto sal.
Na selva sem cor dos arranhas-céus
o terror se implanta
a verdade se esconde
os homens têm medo de si.

José Cícero

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