sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

BEATA MARIA DE ARAÚJO


Dados pessoais

Maria Magdalena do Espírito Santo de Araújo nasceu no dia 23 de maio de 1863, no povoado de Juazeiro. Era filha de Antônio da Silva Araújo e Ana Josefa do Sacramento. Conforme descrição do escritor Manoel Diniz ela “era mestiça, cabelos quase crespos que usava cortados baixinho, estatura média, franzina, cabeça pequena, um pouco arredondada, olhos quase negros e suaves na expressão, lábios um pouco grossos, nariz pequeno, faces um pouco salientes, queixo pequeno, pescoço bem proporcionado”. Segundo Padre Azarias Sobreira, que a conheceu, ela “não despertava a atenção a não ser pela simplicidade de manias, boa educação doméstica, fácil inteligência das coisas, apesar de analfabeta”.

Filha de família pobre teve infância sofrida, trabalhava e rezava muito, era artesã. Fiava o algodão e fazia bonecas de panos para vender. A mandado do Padre Cícero, ensinava este ofício a algumas meninas de sua idade. Também chegou a prestar serviços numa olaria, contando tijolos.
Como perdeu os pais muito cedo, foi morar na casa de Padre Cícero. Passou a vestir o hábito de beata em 1885, com 22 anos, após ter participado de uma espécie de curso de beata, (na verdade, um retiro espiritual de oito dias) ministrado pelos Padres Cícero Romão Batista e Vicente Sóter de Alencar.

Padre Cícero tinha pela beata Maria de Araújo uma particular consideração, razão por que, quando ela morreu, lhe dedicou uma atenção toda especial. Mandou abrir-lhe uma sepultura na Capela do Socorro e providenciou-lhe um enterro digno de uma pessoa ilustre.
A beata Maria de Araújo faleceu no dia 17 de janeiro de 1914, quando estava em curso a chamada Sedição de Juazeiro.
No dia 22 de outubro de 1930 seu túmulo foi aberto clandestinamente por ordem do Bispo de Crato. O túmulo, construído no interior da Capela do Socorro, foi totalmente destruído e os restos mortais da beata foram sepultados em local ignorado.

Saúde

O estado de saúde de Maria de Araújo foi motivo de muita polêmica entre os historiadores. Em depoimento prestado aos padres que realizaram o Primeiro Inquérito sobre o milagre, ela afirmou que sofria de incômodos de estômago, mas só chegou a vomitar sangue uma única vez, por causa de uma queda que sofreu durante um dos ataques nervosos que tinha desde criança. Alguns biógrafos chegaram a dizer que ela era hemofílica, tuberculosa, epiléptica, desequilibrada, mas disso não existe nenhum documento. Ao contrário, o médico Marcos Madeira, que a examinou repetidas vezes, atestou oficialmente em documento lavrado e que faz parte do Inquérito, que não descobriu na Beata “a menor ferida, úlcera ou ferimento de natureza alguma na língua, gengivas, laringe e, enfim, em toda a cavidade bucal”.

O milagre

Certamente o fato mais importante e polêmico da vida de Maria de Araújo é o chamado milagre da hóstia. Este fato, que trouxe tantos transtornos à beata e também ao Padre Cícero, ocorreu pela primeira vez no dia 1º de março de 1889. E consistiu basicamente no seguinte: Ao receber a hóstia, numa comunhão oficiada pelo Padre Cícero, a beata Maria de Araújo foi incapaz de degluti-la, pois a sagrada partícula transformou-se em sangue vivo, conforme foi atestado depois pelos médicos convidados pelo Padre Cícero para examinar a beata e presenciar o fenômeno, que se repetiu dezenas de vezes durante cerca de dois anos.

Mas o fenômeno não era só isso. Em outras ocasiões a hóstia chegou também a se transformar numa porção carnosa em forma de coração. E no corpo da beata eram abertas chagas que depois de algum tempo iam desaparecendo misteriosamente, sem deixar nenhum vestígio. Ela também apresentava suores de sangue e entrava em êxtase. E no depoimento prestado à Primeira Comissão de Inquérito, designada pelo bispo Dom Joaquim José Vieira para investigar o fenômeno, ela disse que quando entrava em transe visitava o inferno e o purgatório, e falava com Jesus Cristo. (...)















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