quarta-feira, 3 de março de 2010

Debulhas de Feijão



No ultimo poema do Mundim do Vale, "Conhecimento de Causa", nós fazemos um passeio pelo tempo, pelas coisas e pelo próprio sertão. No comentário do João Bitu, encontramos entre belas palavras a expressão “Debulhas de feijão”. Então eu me lembrei de uma historia contada por meu pai, dos velhos tempos, da época em que ele tinha lá seus 15 ou 16 anos. Falava das debulhas de feijão.
Dizia ele que quando se aproximava o mês de Junho e junto com ele as festas de São João e São Pedro coincidia com a colheita do feijão. Durante a semana era feita a colheita na roça e conduzido para casa e a noitinha fazia-se as debulhas. A rapaziada da ribeira se reunia para ver as jovens moças e juntos faziam aquela festa regrada a café donzelo e pão de arroz, cantigas e modas antigas.
Contava o meu pai, que numa delas, na calçada da casa do meu avô Pedro André, em determinado momento uma das meninas, Ana de Raimundo Pretinho foi ferroada por uma lacraia. Foi um vexame, procuraram o inseto e mataram. Em pouco tempo outra lacraia pegou o dedão do pé de Pedro de Joaquim Piau, foi outro desconcerto novamente, encontraram o inseto e mataram. Na terceira ferroada, desta vez em Olira de Antonio Belo, Zelim olhou para o meu avô e disse: Pedro André crie outra coisa homi! Isso é coisa de ninguem criar?
Vejam que época mais bonita, mais inocente e pura. Quantos casamentos surgiram nestes encontros de trabalho, de diversão e de brincadeiras?

Por A. Morais.

postado no blog do Sanharol em 02/03/10

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